O fanho.

Um cidadão fanho tinha muita vergonha do seu defeito.

Por isso, falava só o que lhe convinha, possivelmente, em cada devido assunto.

Certa vez, foi a um restaurante almoçar.

Sentou-se a mesa, ou melhor, a cadeira, junto à mesa, com a elegância que lhe é devido, laçou o guardanapo no pescoço, e pra não falar o indevido, com um estalar de dedos, chamou o garçom.

Então o garçom chegou, com a ”elegância que lhe é devido”, e como é de praxe, foi logo lhe perguntando:

- O que deseja meu senhor.

Demorando um pouquinho para responder, pois teria de raciocinar as palavras antes, assim respondeu:

- Frango frito.

- E pra acompanhar.

- Farofa.

- E a mistura.

- Fritas.

- E pra beber.

- Fanta.

-Algum aperitivo, senhor.

- Fernet.

Passado alguns minutos, logo após comer toda a refeição, o garçom volta à sua mesa, e continua a lhe falar:

-Costumamos servir uma fruta antes da sobremesa, o senhor vai querer.

- Figos frescos.

- E a sobremesa.

- Flan de framboesa.

O garçom já de saco cheio com as respostas do individuo, assim indagou:

Se falar mais oito palavras com a letra “F”, o senhor pode ir embora sem pagar a conta.

- Formidável fera, fazendo fiado fico feliz... Falou?... Fui!

Sartorato
Enviado por Sartorato em 03/11/2009
Reeditado em 06/11/2009
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