O fanho.
Um cidadão fanho tinha muita vergonha do seu defeito.
Por isso, falava só o que lhe convinha, possivelmente, em cada devido assunto.
Certa vez, foi a um restaurante almoçar.
Sentou-se a mesa, ou melhor, a cadeira, junto à mesa, com a elegância que lhe é devido, laçou o guardanapo no pescoço, e pra não falar o indevido, com um estalar de dedos, chamou o garçom.
Então o garçom chegou, com a ”elegância que lhe é devido”, e como é de praxe, foi logo lhe perguntando:
- O que deseja meu senhor.
Demorando um pouquinho para responder, pois teria de raciocinar as palavras antes, assim respondeu:
- Frango frito.
- E pra acompanhar.
- Farofa.
- E a mistura.
- Fritas.
- E pra beber.
- Fanta.
-Algum aperitivo, senhor.
- Fernet.
Passado alguns minutos, logo após comer toda a refeição, o garçom volta à sua mesa, e continua a lhe falar:
-Costumamos servir uma fruta antes da sobremesa, o senhor vai querer.
- Figos frescos.
- E a sobremesa.
- Flan de framboesa.
O garçom já de saco cheio com as respostas do individuo, assim indagou:
Se falar mais oito palavras com a letra “F”, o senhor pode ir embora sem pagar a conta.
- Formidável fera, fazendo fiado fico feliz... Falou?... Fui!