Crônicas de Salatiel – gelo de sogra
Salatiel era o rei mais ignorante da face da terra. Este rei nunca saiu de onde nasceu. O mais distante que percorreu fora de seu palácio foram oito passos além do portão principal. Atravessou, viu a vida como realmente é, então se tremeu todo, e voltou correndo ofegante. Um leão senhor, pergunta um soldado, não pior, minha sogra. Salatiel havia numa comum calorosa discussão brigado com a sogra acerca de uma dúvida caseira. Apeteceu dum certo dia está um calor imenso, desses que derrete a pele e ficamos tão desnutridos que nem precisa de dieta emagrecedora. Não seria boa a esse calor Salatiel uma bacia cheia de gelo? Gelo, gelo, que é gelo? Gelo, ora, gelo é gelo, gelado. Salatiel é natural do deserto grande, o dia mais frio foi registrado 30 graus, o dia mais quente o sol tinha inveja da energia desperdiçada. Gelo era coisa de outro mundo, o assombro assombrado, o misterioso além, onde ninguém compreende o gelo vem de lá na cabeça de Salatiel. Gelo, sei que troço é esse não, é de comer? Eu tenho um pouco Salatiel, trago já, trouxe, olha ponha na boca. Salatiel ingênuo obedeceu, sentiu a simples pedra de gelo na boca incomodando e cuspindo a pedrinha deu um belo berro: ai meu Deus, mulher malvada queimou minha boca, isso ta muito quente, quero não.