Corre! Corre!
E lá vem ela.
Ando mais rápido,
Conto os passos,
1, 2, 3, 4, 5... perdi as contas,
Conto de novo, passo um, dois, três..
Estou rápido
Ela me toca uma, duas, três, perdi as contas novamente,
Aperto os passos,
Começo a correr,
Novamente ela me atinge, uma, duas e perdi as contas
Lá vem ela
Me pega de jeito
Vou cambaleante
Uma barata tonta
Uma pulga pulando entre pessoas e poças de água preta
O asfalto está aceso
Vejo fumaça
Meus óculos embaçaram e lá vem ela de novo
Me molha em meio as marquises
Uma velha chata parou em minha frente com uma sobrinha
Molhada o animal de dentes de aço entrou pelas minhas narinas e quase caio
Ia mandar a velha para a... mas me culpei
A jovem “dona do mundo” também não fechou a sobrinha
Para que diabos servem as marquises?
Carros buzinam
A cortina de água aumenta a olhos vistos
Já não mais se respeita o sinal
Tiro os óculos
Limpo e limpo, mas ela me pegou de uma vez
As marquises me enganaram
Os bípedes humanos não respeitam nem um pobre sujeito míope e tonto com tanta água
E que - em instantes - foi atacado pela chuva que chegou e molhou até (o) a (cu) cueca.