Uma literal presença de espírito
A moça, de pele muito branca e que usava um vestido claro de tecido leve e esvoaçante, dirigia-se, em hora muito avançada, ao seu carro estacionado num local isolado e ermo, quando foi abordada por um pivete:
-- Vai passando a bolsa, tia!
Ela, numa rara e calma presença de espírito, antes que pudesse pensar soltou a frase:
-- Engraçado... desde que morri, é a primeira vez que sou assaltada...
O garoto, apavorado, se escafedeu no ato!
E ela, de joelhos trêmulos, mas satisfeita e aliviada com o resultado de sua tirada literalmente espirituosa, entrou depressa no carro e se mandou rapidinho dali.
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(Este causo aconteceu com uma colega da minha irmã, numa saída tardia do teatro, nos idos dos anos 80)