Uma literal presença de espírito

A moça, de pele muito branca e que usava um vestido claro de tecido leve e esvoaçante, dirigia-se, em hora muito avançada, ao seu carro estacionado num local isolado e ermo, quando foi abordada por um pivete:

-- Vai passando a bolsa, tia!

Ela, numa rara e calma presença de espírito, antes que pudesse pensar soltou a frase:

-- Engraçado... desde que morri, é a primeira vez que sou assaltada...

O garoto, apavorado, se escafedeu no ato!

E ela, de joelhos trêmulos, mas satisfeita e aliviada com o resultado de sua tirada literalmente espirituosa, entrou depressa no carro e se mandou rapidinho dali.

*

(Este causo aconteceu com uma colega da minha irmã, numa saída tardia do teatro, nos idos dos anos 80)

Maria Iaci
Enviado por Maria Iaci em 07/10/2009
Código do texto: T1852733
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