Macabro telefonema

- Alô?

- Dona Beatriz, por favor.

- É ela. Quem fala?

- Aqui é do cemitério...

- De onde?!...

- Do cemitério.

- Como do cemitério, por acaso o senhor é defunto?

- Não, não... Quer dizer, ainda não...

Juro que um dia recebi o telefonema que assim começou. E prosseguiu. Devia ser trote! Só podia ser!

- Estou ligando por causa da chave.

- Chave? Que chave?...

- Do túmulo, minha senhora.

- Túmulo?...

- É, aqui temos túmulos...

- Claro, claro... e eu com isso? Que túmulo é esse?

- O seu, uai!

- Meeeu?!!!

- Ué! A senhora não é a dona Beatriz?

- Vamos fazer uma coisa? Diga logo quem é você, se não vou desligar. Assim que eu morrer, prometo que chamo o senhor.

- Não desligue, por favor. É por causa da chave!

Perdi a paciência, desliguei. Logo em seguida o telefone tocou novamente. Deixei tocar, mas ele não parava. Atendi furiosa.

- Seu coveiro, tenho mais o que fazer!

- Coveiro? Escutei a voz do meu irmão, espantado.

Contei a história. Ele quase morreu de rir. Só depois que esbravejei bastante ele disse que estava ligando justamente para me avisar que tinha dado o meu telefone para a secretaria do cemitério, por causa da chave. O guardião é ele, mas lá eles faziam questão de ter o número de mais alguém da família...