Matutão
Correu um boato no povoado das antas, ali sô, do ladinho do capim puba, abaixo do brejo na beirada do ribeirão do sapo seco, matutão saiu da plantação de quiabo, corpo pinicando de dá do, apromou pro rumo de casa pra mode se banhar e tratar o corpo.
Naquele dia de sol ensolarado, quente de rachar aroeira e arranca pica-pau do oco, e nois ainda avizemos pra ele:
- Matutão trabaia vestido homem. Quiabo é pior que urtiga.
- Que nada sô, urtiga eu uso é pra limpar as vergonhas depois das necessidades zombou ele.
- Mais oia macho, se aresolver cair uns tentos de chuva, ocê num vai guenta não, e vai lhe render uma comichão e num vai ser de paixão não He He!
Então – se o dia foi virando as horas, minuto a minuto daí lá por volta do almoço, Matutão já tinha rancado fora o agasalho de frio passado as mãos nas ventas de todo jeito para todos os lados.
Chegou à bóia comemos bão, tranqüilo pra da o quilo da refeição, ele descalçou as botinas dos pés, a princípio o que incomodou nois mesmo foi a catinga de chulé um azedume danado.
O calorão sopitou nas gripas que na hora da merenda matutão já tava de calça arregaçada nas alturas das coxas, camisa jogada na sobreira do jatobá e a enxada comendo solto no eito do capão pra cumprir a tarefa do dia menino.
Num é de vê que do nada moço começou a escurecer dois trovejo um relampeado, pronto desabou um tiquinho de água, fina de chuva coisa ligeira que pelo baruião que fez, não choveu nadica de nada.
Nois se escondemos da garoa e Matutão mais taludo que nois bão da boca ficou no capinado arrastando a bagaço falando na bucha.
- Heita povo mole, chuvinha boa deste jeito só serve pra refrescar o lombo, quem amoita de baixo de rancho é cabra fresco.
Passando o chuvisco voltemos pra lida de butuca no Matutão, o calor veio com mais brabeza e ele começou, meio que sem jeito disfarçando uma coçainha aqui outra ali. De trás das zoreias embaixo do sobaco o trem foi ficando cada vez mais feio, descontrola quando nois o viu já tava carcando as unhas na cacunda com gosto tinha lugar assim oh que minava sangue.
Se não bastasse ele deito no chão no meio da lama que nem um leitão lamiando o couro, enxada já nem sabia o rumo que tava mais, rolava no chão que nem um frango destroncado acabou de arrancar, minto de rasgar mesmo o resto dos trapos que cobria o seu maltratado corpo.
Naquele fuzuê um compadre gozador mandou ele mijar na mão passar no corpo o besta vai e faz, rapaz, ai é que ele sambou bonito, corria gritava esperneava pelado com as coisas balançando parecia até que tinha um formigueiro no traseiro.
Com muito custo ele se aquietou um pouco e correu pra casa.
- O patrãozinho num raia com ele não, por que a teimosia e a coceira já castigaram Matutão por demais e pode ficar sossegado amanha não vai ter nenhum peão correndo pelado na fazenda, assustando a mulherada.
- He! He!