PINGULIM
Ernesto Moraes homem pouco culto, ou melhor analfabeto mesmo.
Morava no interior na casa herdada dos pais e sua vida era roça e nos finais de semana o boteco. Ele sempre chegava meio tímido e só depois de uns tragos começava a conversar.
Pagava pinga para todo mundo.
E os amigos do boteco diziam que com o dinheiro que ele tinha podia arranjar uma moça para namorar.
E ele retrucava, que vou fazer com uma moça nova?
E todos caiam na gargalhada.
Quando ele ia embora ficam comentando:
Acho que o Ernesto não dá no coro, nunca andou com mulher nenhuma.
-Seu problema de pele o deixava incomodado e também incomodava quem o via.
Um dia resolveu, pegou um ônibus e foi para capital.
Pediu a ajuda de um doutor.
Ficou fazendo exames e enquanto esperava, foi se divertindo na área de recreação do hospital.
Começou a jogar pebolim com outros que ali estavam.
Achou tudo muito divertido.
Com os exames prontos voltou ao doutor.
Queria saber se era grave o seu problema e se tinha solução.
O bom e sábio doutor começou a conversar e queria saber do dia a dia de Ernesto.
Soube que era solteirão que amigos eram só os do boteco e que nunca teve coragem de se aproximar de ninguém por causa da pele feia.
Dr Ênio perguntou se ele tinha notado alguma diferença do dia que ali chegou.
E ele realmente viu que sua pele estava melhorando e que nem tinha tomado medicamento.
Então o doutor falou:
Meu amigo você está muito estressado e não se valoriza. Só aqui jogando este pebolim com novos amigos está melhorando.
Volte para sua cidade, ache uma companheira e recomece sua vida. Compre uma mesa desta de pebolim para vocês se divertirem juntos.
-Ele voltou a cidade passou na casa da Serene e perguntou se ela não queria viver com ele.
Ela viu que ele estava com uma boa aparência e sabia que era um homem sério e trabalhador.
Passaram na igreja e foram abençoados pelo padre Moisés.
E assim foram morar juntos.
Tinham muita coisa para conversar e brincavam também com o pebolim que ele trouxe da cidade.
Ele era um outro homem.
E numa destas idas a cidade os velhos companheiros queriam saber o porquê desta mudança.
Ernesto falou: fui no doutor da capital.
Tenho um pingulim novo que é só para divertir a mim e a patroa.
E estou me sentindo um novo homem.
E todos ficaram de boca aberta.