IDEAL DE VIDA

Tanto que sonhei uma mulher diferente, uma mulher ideal, uma mulher que dure para sempre que esqueci de mim, o outro lado da moeda. Não sei ser ideal sem ferir meus defeitos, mais ainda, ser diferente de mim mesmo, já que é do outro a vontade, é do outro o desejo, ou seja, deixar de ser eu mesmo para ser uma peça tirada de algum sonho egoísta. Essa coisa de idealizar tem todo um lado poético que não combina com cama desarrumada, rosto amarrotado pela manhã, cabelo despenteado e aquele hálito puro de lixo acumulado.
- Mas isso não combina com poesia!
Mas por que tem que combinar? Minha mulher ideal, tão verdadeira quanto o sol e a lua, não lê poesias mesmo, e faz joça do meu romantismo poético. É assim, paradoxal nossa vida, muito se pede, muito se sonha e acabamos fazendo tudo diferente daquilo que pensávamos acreditar ou desejávamos fazer. Esse contraste entre poesia e realidade cabe em cada um de acordo com suas conveniências. O diabo é que existe uma linha tênue entre o bom senso e certa dose de moderação e resignação com a hipocrisia reinante. Aceitar o indesejável, porém tolerável comportamento, engolindo alguns sentimentos com gosto forte de pimenta, vá lá, mas viver uma vida debaixo da máscara que mostra o contrário, pior ainda, ser instrumento e mensageiro das vozes contrárias ao nosso próprio entendimento? Sei lá, já beira o mal “caratismo”. Mas eu falava é da mulher ideal, e a minha acaba de entrar e ler o que eu estou escrevendo, por tanto, a mulher ideal é essa aqui do meu lado e quero ver o poeta que vai dizer o contrário.

Nota do editor chefe - Esse texto não é um relato do que me acontece, é pura imaginação misturada com um texto que li aqui, muito bom texto, diga-se, onde o escritor mudou de opinião durante o próprio texto, de uma forma tal que só pode ter sido isso que falei no final, o coitado foi pego com a boca na botija ou então nosso amigo é bi-polar, o que, aliás, está na moda.