O CÃO E A MACARRONADA

O CÃO E A MACARRONADA

Um dia Apollo um grande amigo me ligou perguntando se poderia vir passar a tarde comigo pois aquele dia não estava bom para ir ao escritório.

Apollo é um rapaz lindo de morrer, engenheiro, vinte oito anos, noivo da sortuda Suely.

Nossa amizade começou pela Internet na extinta aol. Que saudade da aol...

Apollo apesar de ser um cara bem sucedido na vida, vindo de tradicional família, é muito simples e humilde, senão não seria meu amigo é claro.

Falei então para vir almoçar comigo já que no caso os dois estavam vagabundeando esse dia mesmo.

Quando ele chegou notei que não estava bem. Falou que queria falar uma coisa comigo mas se eu risse ele iria embora.

Prometi então que não riria. Isso para quem me conhece, sabe que é quase impossível mas eu iria pelo menos tentar e fez eu prometer também que não escreveria uma frase em meu velho caderninho e essa mania infame que eu tinha de rir das desgraças alheias.

Falei a ele que péssima imagem ele tinha minha...rir dos outros? Bem, talvez seja...Mas só um pouquinho.

Ele começou a relatar o dramático final de semana que teve em São Carlos.

Ele disse que o Boy rapaz maravilhoso que trabalha em seu escritório o convidou para ser seu padrinho. Ele aceitou imediatamente. O Renato era um ótimo funcionário e ele não poderia recusar.

O casório seria numa chácara da tia de Renato lá em São Carlos. Renato passou o mapa que veio impresso no convite.

Apollo só tinha uma semana para se organizar, mas Suely sua noiva o ajudou então foi fácil.

Comprou de presente um refrigerador, que foi entregue na casinha que Renato alugou.

Chegou o grande dia. Apollo havia mandado seu motorista lavar o carro, de repente poderia precisar levar Renato na igreja e teria que estar o automóvel impecável.

Até aí não vi graça nenhuma, não sei por que o Apollo estava tão preocupado com minhas risadas.

Apollo dispensou o motorista ele disse que o pessoal era humilde e não iria sentir-se bem em chegar com chofer.

Suely não o acompanhou afinal seu casamento também estava chegando e ela precisava tratar de mil coisas.

Apollo entrou em seu carro, vestindo um lindo terno sapato caro. Estava bem e feliz. Parou em uma floricultura e comprou o mais lindo buquê de rosas vermelhas que encontrou para presentear a noiva.

Seguiu estrada e de repente começou uma tempestade enorme.

Seguiu o mapa e chegou em na chácara.

O carro estava atolando a chuva piorou e muito. Ele foi até onde dava agora o carro havia atolado de vez.

Ele pegou um guarda-chuva e desceu...

Meu pai santo, foi aí que tudo começou. Apollo atolou seus pés até a canela. Quando tentou puxar as pernas um pé de sapato ficou e logo a lama cobriu.

Ele que segurava o guarda-chuva em uma mão e na outra o lindo buquê de rosas vermelhas, desequilibrou-se e lá foi meu lindinho com cara na lama.

Gente não sou de ferro, comecei a rir imaginando a cena. Apollo olhou seriamente para mim e falou que não sabia por que me contava as coisas e que eu era uma grande filha da puta e estava faltando com a promessa de não rir.

Eu engoli o riso, pedi desculpas e pedi que continuasse.

Ele disse que quando conseguiu equilibrar-se, desatolou os braços e só veio os galhos das rosas e o guarda-chuva somente o cabo. Que desespero meu Deus! Como ele não pensou em trazer outro terno o pior é que no caminho não viu nenhum shoping nada uma loja e o casamento já estava para acontecer.

Ele começou a andar e fazia um barulho estranho quando finalmente notou uma casa. Tinha crianças correndo e cheias de barro para todos os lados e veio uma menina sardenta rindo e perguntou. – caiu no chiqueiro moço? Quem você é? Ele disse que era o padrinho de Renato e ela não perdeu tempo. – ave Maria! O tio Renatim disse que o padrim dele era um home chiqui...

Apollo quase fez a pestinha engolir os galhos das rosas mas alguém o chamou.

Era uma simpática senhora a tia de Renato.

Depois dele rapidamente explicar o que havia acontecido, ela chamou o Renato que imediatamente arranjou uma toalha e uma roupa de seu tio para Apollo banhar-se. A boa noticia era que o casamento iria atrasar um pouco porque o padre vinha a cavalo e com essa tempestade chegaria atrasado mesmo

Renato indicou o banheiro, Apollo deixou o buquê o único sapato e o resto do guarda-chuva...Alias coçou minha língua para perguntar o por que Apollo não tinha jogado tudo isso fora. Mas não podia eu ia começar a rir e não saberia o resto dessa... dessa desgraceira rá rá rá...Eu estava morrendo de rir por dentro ai que medo de explodir.

Quando Apollo foi ao corredor indicado pelo amigo, passou na porta de um quarto e ouviu um barulho estranho e quando olhou quase desmaiou. Um enorme cachorro branco um Sheepdog, ele era todo branco com umas manchas cinzas. O cão assustou-se com Apollo e Apollo então... adivinhem o que o cão fazia? Estava se deliciando em toneladas de macarronada que estava guardada? Embaixo da cama. Apollo chamou assim – Totó...saia já daí, que coisa feia... o cachorro começou a rosnar mostrando aqueles dentóes sujos de macarrão assim como metade da cara. Apollo não sabia o que fazer, se chamava a dona da casa, se chamava Renato. Não eles poderiam pensar que Apollo estava bisbilhotando a casa ou ficariam sem graça com a situação. Pensando assim, foi fechando a porta devagar pois o cão não parava de rosnar. Correu para o banheiro. O chuveiro era um balde de alumínio e ele ficou uns dez minutos querendo saber onde ligava e quando viu uma cordinha puxou. Deu um grito a água estava gelada e ficou rezando para ninguém tê-lo ouvido. Deixou a água correr ensaboou-se todo e quando pensou no enxágüe, a água terminou... e agora? Pensou ele. Pegou a toalha e se secou ainda sujo e agora também ensaboado. A roupa do tio de Renato era grande ele fez o melhor que pode e saiu dali. A calça era cinza listrada e a camisa de bolinha azul e vermelha.

Quando saiu e viu os convidados ficou tranqüilo todos se vestiam mais ou menos assim também. Tentou esquecer e curtir a festa o altar estava bonito a chuva tinha parado. Uma enorme mesa estava sendo preparada e recebia os pratos.

Quando Apollo notou saindo da casa duas senhoras segurando a pesada bacia de macarronada e o Totó seguindo com aquela bocona toda melada e rosnando para as senhoras. A macarronada foi colocada no centro da mesa como prato principal.

O casório foi rápido o padre tinha pressa, ele queria mesmo era saborear a macarronada e o vinho que estava sendo servido.

Tinha um porco com uma maçã enfiada na mesa tinha farofa dos miúdos do porco e uma salada bonita. Mas que raiva nas folhas tinha us caramujos. E Apollo percebeu.

Todos sentados felizes e comendo. Menos Apollo que era vegetariano.

Renato lembrou desse detalhe e falou – vixi patrão..vai ficar só na salada então e perder essa belezura de macarronada que e especialidade da tia e o porco também.

Mas como comer a salada? O totó também já havia cheirado ela e comeu o caramujo.

Apollo então teve a grande idéia. Eu vou fingir um desmaio. E lá foi ele para o chão.

Totó pulou encima e passou a lambê-lo todo a tia correu com água e enfiou goela adentro.

Apollo então resolveu “voltar a si” começou a chorar e pediu pelo amor de Deus para Renato ligar para Suely vir buscá-lo.

Apollo voltou para casa em silencio, Suely mandou rebocar o carro atolado e ele terminou a história. Eu então chamei para almoçar.

Poxa ele agora está desmaiado... Como eu poderia adivinhar? É que preparei uma macarronada com tomates secos e manjericão ele sempre adorou, mas assim que viu... Desmaiou... Acorda Apollo acorda... Puta que pariu viu...

ELISABETHDOVITAL
Enviado por ELISABETHDOVITAL em 22/09/2009
Código do texto: T1825373
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