O peido
Outro dia, no silêncio da sala de aula, aposentei meu reservado lugar no fundo e passei a me sentar na frente, já que mal enxergo o quadro.
Minha amiga estava sentada à minha frente e não calava a boca um minuto. Ela brincava com uma daquelas massinhas nojentas, gosmentas e geladas - tinha comprado para apresentar um trabalho e aproveitou para brincar um pouco, eu mereço!
Uma outra amiga estava ao lado e pediu para brincar um pouquinho. Bom, toda a sala estava em silêncio prestando atenção na professora que falava sem parar, inclusive eu que sentei na frente porque a disciplina é essencial para meu projeto.
Eu pedi:
- Gente, peraí, vocês 'tão atrapalhando o rendimento da turma.
Não que eu não seja de jogar conversa fora em algumas aulas, mas a única interrupção do silêncio vinha da minha frente e todos os olhares se concentravam no lado em que eu estava.
E elas continuaram:
- Blá, blá, blá, blá, blá, blá, blá?
- Blá, blá, blá, blá!
- Blá...
Até que a dona da nojeira gosmenta e gelada fala em alto e bom tom:
- Você nem sabe brincar com ela! Você sabe fazer peidar?
Eu fiquei tão, mas tão envergonhada que nem achei graça na hora. Todo mundo riu e olhou para ela que não estava nem aí, nem lá, nem aqui! Continuou:
- Me dá aqui. - pegou, pegou não! tomou da mão da outra.
Eu intervi:
- Ô "fulaninha", estamos na sala de aula.
- Eu sei! - entrou por um ouvido e saiu pelo outro, se é que entrou. Ela realmente queria brincar. - É assim oh!
Nesse momento, enfiou a ponta dos dedos dentro do potinho da tal geleinha e "brushhhhhh!!!!!!" fez o som do peido! Se fosse de verdade federia até nos corredores.
Quem ficou roxa de vergonha fui eu, engraçado, né?