Pânico! - o PC pifou...

Rééélpi! Ai nídi some bode!

E, de preferência, um que saiba consertar computadores. E que não faça desaparecer programas e arquivos num passe de mágica, mesmo quando o defeito passa a anos-luz do HD. E que não cobre mais que o preço de um PC novo. E que, depois do conserto, deixe a máquina funcionando de verdade, com todas as funções preservadas.

Aflição, agonia, pâ-ni-co!

Estou me sentindo como uma jaguatirica enjaulada. Não posso ir a lugar algum porque, a qualquer momento, o técnico pode chegar. E técnicos estão sempre apressados e atarefados -- serviço é o que não lhes falta -- e, se não te encontram onde você deveria estar esperando, pode se preparar pra ser catapultado pro último lugar na looonga fila dos clientes desesperados.

Na verdade, estou me sentindo mais do que enjaulada. Sinto todos os inequívocos e dolorosos sintomas de uma aguda síndrome de abstinência, durante a qual me pergunto como consegui sobreviver por tantos anos -- e ainda estudar, trabalhar, pesquisar, escrever, me comunicar e me divertir -- sem ter o inestimável auxílio de uma destas indispensáveis maquininhas!

Ah, como ele demooora! Olho aflita pro relógio e vejo que já se passaram looongos e intermináveis... dois minutos. Uma eternidade! Será que ele se esqueceu de mim e me deixou aqui, só e abandonada, entregue à minha própria tragédia? Será que o carro dele bateu ou pifou?

Liguei pro celular dele. Segundo meus cálculos, foi a segunda chamada em 3 horas. Segundo os dele, foi a décima quinta em 3 minutos. Ele está chegando, diz. Pois sim, chegando onde, cara pálida? À órbita terrestre? Ao estado vizinho? À casa da mãe joana? Por que demora taaanto?

Não há mais unhas pra roer. Se eu fosse contorcionista, já estaria roendo as dos pés.

Penso em ligar a TV ou o som, pra me distrair, mas descubro surpresa que não sei mais como se faz isso.

Penso em organizar minha agenda e fazer alguns cálculos, mas subitamente me dou conta de que agenda e calculadora moram dentro do PC.

Tá, então, vou ler o jornal ou uma revista. Mas... como se faz isso mesmo, fora do mundo virtual?

Pôr a correspondência em dia? Ráu? Comã? Como é que se corresponde com alguém sem ser por e-mail?

Último recurso: vou jogar paciência... Onde foi que guardei o baralho? Em que pasta, em que diretório? Cadê o link?

Desespero, desgosto, neura total!

Ah, a campainha soa, finalmente!

Leva logo, doutor! Não poupe recursos ou técnicas. Interna de uma vez na UTI, mas não deixe que ele morra! E me traga logo de volta porque, você sabe, ninguém consegue ficar muito tempo longe do seu grande amor...

Obs.: O técnico que cuida da minha maquininha é ótimo! Não tem nada a ver com o descrito aqui, ainda bem.

Maria Iaci
Enviado por Maria Iaci em 09/09/2009
Reeditado em 28/03/2010
Código do texto: T1801149
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