TRAIÇÃO CAIPIRA

___Pode falá muié!

___Quero não!

___Fala muié! Disimbucha!

___Mió dexá pra lá, Zé!

___Vai, conta!...

___Quéto Zé, morre em paz!...

Depois de muita insistência ela resolve abrir o jogo

___Tá bão Zé, vou contá, mais num mi responsabilizo!

___Pode contá!

___Ói Zé, traí sim, mas foi só trêis veiz!

___Trêis veiz nessa vida toda? Até qui num foi muito!

___A primera foi quando ocê foi dimitido daqueli imprego qui ocê brigou cum chefe.

___Ué, mas eu fui adimitido di novo logo dispôis sô!

___Pois é, Zé! Eu fui lá cunversá cum eli, acabei dano pra eli e eli ti contratô di vorta.

___Ah, muié, ocê foi muito boa cumigo! Essa traição num dá nem pra levá a mar! Foi pela necessidade da nossa famía! Tá perdoada! E a segunda?

___Lembra quando ocê foi preso pra modi daqueli furdunço que ocê aprontô na venda?

___Lembro muié, mas num fiquei nem meio dia na cadeia!

___Pois é, Zé! Eu fui lá cunversá cum delegado i acabei dano pra eli, pra ti sortá!

___É muié, isso num conta também, não! A causa foi justa! Imagina ficá preso lá um tempão! Ocê nem me traiu! Foi pela nossa famía e pela minha liberdade, uai!

E a úrtima?

___Lembra quando ocê si candidatô pra vereadô?

___Lembro muié! Quase mi elegeru!

___Pois é! Eu qui consegui aqueles 1.752 voto...