Sexo quanti

Foi o Beiçola quem começou a fundunça toda.

Não precisava abrir a boca falando pra quem quisesse ouvir que tinha rangado 52 mulheres diferentes na sua curta vida sexual, mas abriu! Ficasse quietinho na sua e não despertaria os baixos instintos da rapaziada.

Resultado: Fuzuê! Com efe maiúsculo e o escambal.

Por isso o festival de, esse tanto comi até os 20 anos; acho que to chegando nas 100 mole, mole; se não completar mil mudo de nome e por aí afora, num peruaço tamanho, mas tão tamanho que o Carlão se encrespou de vez. Uma porque o jogo não andava de jeito maneira , outra porque se encheu mermo com os papos vantageiros de meio mundo e propôs a cada um de fazer uma lista do mulherio comido. Nome, idade e de preferência, data do abate.

“Nome completo?”

Bem, aí na cara que ia dar ziquezira das grossas.

Vai que a fulana de um tivesse sido carimbada por outro? No antes tudo bem, mas e se fosse no oficial? Ou alguma irmã de contrapeso?

Decidido esse item escabroso – só o primeiro nome valia – a segunda quizumba: “Se brochou durante, pode contar?”

Complicado, né?

Neguinho batalha quinem doido, saliva o que dá, mas não rebenta a linha de chegada.”Podia valer meio ponto.” alguém falou.

O Carlão esquentou os neurônios um pouco e salomonicamente decidiu que podia sim, mas o proezeiro tinha de asteriscar na frente da vítima.

“ Duviodó que alguém assume a desvitória!” – sentenciou.

É. Devia de ter razão.

“ Viado vai valer meio ponto também?”

“ Se foi viado a comilança, o certo é descontar 3 pontos , isso sim! Pouca vergonha!”

“ Animal.”

“ Como?”

“ Cabritinha entra?”

O Carlão quase perdeu a calma e pôs um ponto final: animália de espécie alguma. Nem de pelo, nem de pena. E fim de papo!

Outra questão foi se a esposa legítima devia constar do relatório.

Que era uma tremenda duma falta de respeito com a cara metade todos concordavam. . . mas esposa era mulher também, não era? Além disso tinha os caras que tinham casado duas, três vezes. Iam perder esses valiosos pontinhos?

Entrou na lista das abatidas. Só não podiam saber disso. Senão a coisa ia feder.

Bem, depois de muita risada, muita zoação um no outro, muito franzir de testa pensativo buscando no passadão lá de traz, foi combinado que no fim de semana todos trariam sua listinha devidamente preenchida.

“ E não vale mentir!” – carcou o Luque rememorando seus tempos de policial. – “Que na medida do possível vamos averiguar direitinho!”

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E foi assim!

Sabadão chuvoso, listas na mesa, ninguém, mas ninguém mermo atingindo cinquentinha – nem o Beiçola, que se desculpou por ter se confundido nas enterradas -, algumas fulanas freqüentando várias listas( esposa nenhuma, é claro), alguns “ Você também?” de entremeio.

Na medida do normal, tudo reque-reque.

Eu disse tudo?

Nãnanim Nãnãnã!

A contagem do Ditinho computava 39 e meia.

“ 39 e meia?”

Que raio de conta era essa?

Duro que o autor da proeza tinha ido vender uns bordados pros lados de Minas e ia chegar só no meio da semana.

“Foi brochada?”

E o asterístico, quedê?

“ Foi viado?”

Mas isso não descontava ponto?

“ Foi traveco?”

Mas traveco também não é viado, mermo parecendo dama?

“Será que ele foi comido e computou?”

Mas alguém ia duvidar da macheza do Ditinho? Justo do Ditinho? Sem contar que uma derrapada dessas, neguinho não entrega nem sob tortura. Mas nem com molho de pimenta nos olhos e ferpa de madeira debaixo da unha. E meio pontinho só? Inda se fosse uns dez. . .

O suspense correu sôrto e largado até o retorno das Gerais.

Explicou.

“Lembram quando me alonguei de Ibitinga, paxonadasso pela trapezista do circo Stefanovisski?”

A turma lembrava.

“ E voltei só quatro meses depois?”

Isso também lembravam. Mas, e a meia?

“ Lembram da anãzinha que era ajudante de cena de Mister Sei lá o quê e fazia umas mágicas fajutas?”

Deu um golaço na cerva gelada, uma limpada de boca com a costa da mão.

“ Pois é!”