Pegadinha
Quando estou concentrada num determinado serviço ou objetivo, não presto muito atenção nas coisas em volta, quero despachar logo o que me atrapalha e terminar o serviço começado.Ando sempre assoberbada!
Eu estava com milhões de coisas para fazer e queria terminar logo porque ainda teria que ir ao Banco.Era o último dia para entregar a declaração do imposto de renda, se não o fizesse , lá vinha a multa!
Toca a campainha e eu , antes mesmo de atender, já ia pensando na maneira de despachar seja lá quem fosse.
Um rapaz fazendo gestos, dando a entender que era surdo-mudo, me entregou um papel e eu li sem prestar muita atenção, entendi que ele precisava de ajuda(esmola) para comprar um determinado aparelho e nem me alonguei mais na leitura do conteúdo todo, pois queria ver a criatura fora dali o mais breve possível!
Entrei para dentro de casa e procurei uns trocados e entreguei ao rapaz, ele foi agradecendo e me cobrindo de bençãos e votos de milhares de coisas boas, com cartazes de agradecimentos.
Quase deixei-o "falando" sozinho e entrei para terminar meus afazeres.
Minha filha chega logo em seguida e eu já vou toda irritada descrevendo tudo o que ainda tinha por fazer e que um sujeito se dizendo surdo-mudo veio me pedir ajuda e que lhe dei uns trocados pois ele estava pedindo dinheiro para comprar um aparelho, acho que um rádio portátil ou coisa assim.
Minha filha arregalou os olhos de surpresa e depois caiu na gargalhada.
Disse:
-Mãe, para que um surdo vai querer um rádio portátil?
Fiquei paralisada ! Não tinha certeza se no papel que ele trazia estava escrito rádio portátil, pois não tinha prestado nenhuma atenção ao escrito do papel, na minha insanidade estressada de livrar-me dele.Mas por via das dúvidas esqueci minha pressa e sai à rua para ver se via o tal sujeito, porém, nem sinal dele.Olhei para um lado e outro para certificar se aquilo não tinha sito uma "pegadinha" e se não havia uma camêra escondia, e se no próximo domingo eu estaria num programa de tv entre os tolos que caem nesse tipo de brincadeira.
Agora , cada vez que vejo um pedinte com esses papéizinhos escritos, me lembro logo da minha parvalhice e me ponho a rir.O pior é, que nos tais papéis tem sempre coisas tristes escritas.Faço outra vez o papel de tola!