ELE É GATO ATÉ NO NOME!!!





Hum... texto longo! Calma! Não desista antes de tentar! E apesar do número de linhas, não se destina a masoquistas adeptos de práticas de torturas. Nem aos sádicos.


Se você gosta de cinema, leia. Se gosta de sonhos, leia. Se gosta da autora, obrigada! Ninguém é perfeito! Se não gosta, agradeço com a mesma justificativa.


E, agora, direta e sem escala, escrevo sobre Federico Fellino, cineasta genial e tão abençoado, que é gato até no nome!


Nasceu na Itália e nem poderia ser diferente, afinal os italianos fazem melhor! No entanto, o mistério sobre sua cidade natal permanece. Alguns garantem ser a graciosa e pacata Rimini, outros afirmam que a família mudou para lá quando Federico acabara de completar 8 anos, ou melhor, 8 1/2.


Em muitas entrevistas, ao ser questionado onde havia nascido, respondia laconicamente: - Não me recordo!


Aos 16 anos foge para Roma e começa a trabalhar como ilustrador em um jornal. Fellino, um homem vaidoso, amante da perfeição e dos detalhes, desenhava suas roupas com a ajuda de um colega de redação, que seria consagrado, alguns anos mais tarde, como um dos melhores estilistas italianos: Rodolfo Valentino.


A Itália, devastada com o término da Segunda Guerra, tenta se reerguer entre os escombros. A sorte é que os italianos, culturalmente acostumados às ruínas, não se deixam abalar e o cinema ressurge com o movimento neo-surrealista. Fellino é um dos maiores expoentes desta escola que não sente a menor culpa em ser deslumbrante!


Entre suas principais características de estilo destaca-se o improviso. Do ponto de vista fellinoano, a média para a filmagem de uma única cena, gira em torno de 13.987 tomadas! O que deixava todo o elenco à vontade, transformando o set de Cinecittà, em uma espécie de ponto de encontro entre amigos que, por acaso, eram atores.


Apesar de italiano, Federico dedicou-se a uma única mulher: sua musa e esposa, Giulietta Máxima. E como um nome vale mais do que mil palavras, finalizo esta brevíssima biografia com os aconselhamentos cinematográficos das obras mais instigantes de Fellino.


A Doce Ida

Filme de inspiração espiritualista, gira em torno da questão filosófica sobre nossa existência: para onde vamos? O protagonista defende a idéia de que a vida é apenas um intervalo para outra dimensão: a eternidade. Todavia, sugere a todos que o rodeiam, viver intensamente como uma forma de preparação do corpo para a felicidade futura da alma.


Julieta dos Espirros

Versão extremamente fria da Dama das Camélias, analisa dois universos obscuros: a hipocrisia e a hipocondria. Uma cortesã se apaixona por um nobre e sofre todos os tormentos de uma mulher de reputação duvidosa, impedida de ingressar em outra classe social. A tristeza e o desencanto a fazem entrar em depressão e contrair pneumonia.


Noites de Cabide

Um olhar cínico e surrealista sobre o mundo da moda (mulheres e apreciadores, atenção aos vestidos estonteantes de Valentino nos desfiles de passarela). Nesta comédia-dramática, Fellino nos sugere reflexões abdominais para visitar este tema aparentemente superficial e nos coloca frente a frente, e ao mesmo tempo, pelo avesso, com a estética da estética através do filtro angular da estética em si! Em outras palavras, prepare-se para pensar!


Amar? Corte!

A saga de um sedutor compulsivo e manipulador na busca desenfreada pelo prazer. Colecionador de conquistas, perde completamente o interesse e descarta suas vítimas no mesmo instante em que apaixonam-se por ele. Sua fama percorreu Veneza e, posteriormente a Europa, transformando-o em um mito: Don Juin.


Entreguista

Único filme político de Fellino. Uma espiã francesa, esquizofrênica, durante a Segunda Guerra, delata nomes de pessoas ligadas ao movimento da Resistência, em troca de altíssimas quantias em dinheiro para realizar os caprichos insanos de seu amante, um açougueiro que acredita ser a reencarnação de Napoleão Bonaparte.


A Escada da Vida

A escada é uma metáfora do destino que coloca em seus degraus superiores, apenas alguns afortunados pelo acaso ou por práticas transgressoras, tornando-os imunes à realidade mal-aventurada da imensa maioria que não passa do primeiro lance. O enredo nos leva a reflexões sociológicas amargas e por isso, aconselho cautela aos mais sensíveis.


Ginger é Fresca

Comédia ácida que critica seu alvo a tal ponto, elevando-o a níveis caricaturais: a aristocracia italiana que, apesar da completa decadência, projeta ao mundo a imagem de pompa e refinamento. Destaque para os cenários de paredes descascadas e móveis em péssimo estado de conservação. Sinais de uma classe social em constante negação de seu declínio financeiro.

Ensaio de Honesta

Aqueles que assistiram "A Malvada" identificarão muitos elementos agregados ao enredo, desta vez, com locações fascinantes em Roma e Verona. Uma golpista, dotada de talentos dramáticos - e uma pele de deixar qualquer dermatologista ou cirurgião-plástico de boca aberta - se faz passar por uma frágil órfã. Envolve-se com um milionário de 80 anos, tramando sua interdição na justiça para apoderar-se de sua fortuna.


Esta homenagem bem humorada fica por aqui (sim, eu sei, você também!).

Bom filme! Se preferir, em dialeto fellinoano: "Elana Vivah".




(*) Imagem: Google

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Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 20/08/2009
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