O Senador e o Advogado

Foram apresentados numa festa na mansão de um grande Empreiteiro. A Tropa de Choque da Maracutaia estava presente: Senadores, Banqueiros, Empresários, Advogados, Colunistas, Aspones, enfim a nata dos Manipuladores da Verdade. O Bispo Macedo foi cogitado, mas caíra em desgraça por uns dias: “desta vez não”, decidiram.

O primeiro se fosse índio poderia chamar de Raposa Descarada, o outro era A Gana da Ganância em pessoa, parecia o Dr. Eduardo Marzollo, um ex-colega meu, felizmente descartado. Mas os dois tinham algo em comum: A fama de “exagerados” nos seus relatos, e já era folclore. Adoravam “soltar uma” quando menos se esperava, e no duro, embora fossem dois ladrões renomados, eram também divertidos e simpáticos, como todo picareta que chega ao poder em Brasília. Depois de muito uísque 12 anos às custas dos contribuintes, combinaram pescar juntos. No dia marcado, estavam os dois num barco novinho (pago por quem?) no meio dum lago. Cada um tentando impressionar o outro com as suas habilidades de pescador, ou melhor ficaria, de gatuno ? Enfim, o advogado contou que costumava pescar ali e que certa vez à noite, deixara cair n’água um lampião aceso. E para sua alegria o tinha recuperado na semana seguinte. E o mesmo era de tão boa qualidade que não entrara água e veio no anzol ainda aceso. O Senador não mexeu uma ruga descarada sequer e aceitou a curiosidade. Relatou então uma acontecida com ele: Após horas de espera, certa vez tivera o anzol puxado com tanta força que quase foi arrastado, não fosse o Aspone de plantão, que o acompanhava. E fisgado veio um bagre tão grande que foi preciso chamar outro barco só pra levar o peixe. O Advogado pensou um pouco, olhou o horizonte que entardecia e arrematou com a voz empostada:

- “Excelência, Data Vênia eu proponho um acordo. V. Excia diminui o peixe e eu apago o lampião”. E saiu uma nini-pizza ali mesmo, de aliche, claro. Os dois ficaram amigos e colegas de pescaria, e hoje estão na Bancada do Governo. Não vou mencionar nomes, poderia ser qualquer um, não faria diferença. E também não estou certo de alguns detalhes, e como todo escritor, não gosto de mentiras (...)

Alberto Santos
Enviado por Alberto Santos em 14/08/2009
Reeditado em 11/04/2011
Código do texto: T1754053
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