O ceu verde do trópico
O ceu verde do trópico
Pensava aos 10 anos, que o céu deveria ter uma cor diferente em cada lugar; lógico que no Rio o céu azul seria mais azul, como cantava a plenos pulmões o Chico Viola, e onde uma cruz de estrelas marcava o sul; evidentemente, vivia-se na fase de euforia verde e amarela, onde o Brasil com 45 milhões de habitantes, sem vulcões ou terremotos, com oito milhões e quinhentos mil quilômetros quadrados de área, teria tudo para se transformar numa grande potência mundial. Brasil Pais do Futuro! Esse era o slogan que a população cansava de ouvir. 60 anos após, com quase 200 milhões de habitantes, no Brasil a única coisa que cresceu foi a miséria e a dívida externa, cujos juros escorchantes fazem de nós 200 milhões de devedores! Naquela época, eu me lamentava do fato do Brasil não ter vulcões, terremotos, ciclones etc e com montanhas mixurucas, que nem poderiam fazer frente ao Monte Everest; não suportava, quando a geografia me mostrava a realidade de nossas montanhas, e lugares onde nem água havia - o famoso polígono da seca! Hoje, continuamos sem aqueles fenômenos meteorológicos - acts of God, que assim mesmo, são citados nos contratos com as companhias de seguro, com finalidade de não reembolsar os incautos. Perguntaram-me sobre quem teria sido o melhor presidente do Brasil, incluindo os ditadores antigos e novos, ou melhor, da história recente; respondi - nenhum! Confesso-me uma pessoa de mau gênio, mas, só por citar alguns como Juscelino, Jânio, Sarney e outros de igual envergadura, fico à beira da apoplexia; hoje, temos um presidente populista, sem a menor noção do que seja governar um país, o que não me admira, pois, também não tenho; digo mais, comigo na presidência, haveria um grande retrocesso nas modernidades que gostamos de importar dos Estados Unidos e outros feudos, pois, teria uma preocupação com a saúde e educação do povo, incluindo na educação, a idéia de que cada um deveria ter apenas o essencial para viver; nada de gastar rios de dinheiro com coisas supérfluas como campeonatos mundiais de futebol, orgias carnavalescas (?) verbas de publicidade para mostrar trabalho não realizado, viagens e mais viagens e outras coisas mais. Por que não concentrar esforços para acabar com as secas; será que não há solução? Não fazem isso, quando constroem as represas? Inundam-se as cidades inteiras na formação do lago. Sei que sou nocivo ao convívio com as pessoas mais acomodadas, que têm um bom salário ou boa pensão, e o resto que se esqueça! Às vezes, fico com compreensão distorcida sobre alguns assuntos, chegando a contar histórias mirabolantes, como as que conto sobre Lampeão, Capitão Virgulino, o rei do cangaço. Lampeão criou uma força tarefa (nome da moda) para acabar com a seca no citado polígono; fazer verdejar a catinga, acabar com a corrupção dos políticos e militares, acabar com a infidelidade conjugal e impedir o entesouramento de dinheiro, pelos que ganhavam muito às custas dos pobres; conseguiu grandes e leais servidores, cujo principal foi seu lugar-tenente, Corisco, o diabo louro - imaginem o rei do cangaço e o diabo louro juntos aos cabras, o estrago que conseguiriam fazer na canalha. Lamentavelmente, Lampeão em vez de se juntar às pessoas certas, fez exatamente o contrário; o sucesso da patente de capitão lhe subiu à cabeça, fazendo com que se unisse aos opressores do povo; seu projeto de criar o Estado Independente supra capricorniano, alcançando o pacífico, exatamente aos 105º a oeste de Greenwich, faliu em decorrência desse deslumbramento fatídico. Morreu com ele o projeto, a única esperança que restava ao país para se consertar; assim sendo, não terei mais vida para chegar a ver o futuro do país do futuro; haja projeto genoma! Em tempo, abro exceção, não precisamos acabar com a orgia carnavalesca!