QUEM É DURVALINO?
O cartorário daquela cidadezinha, da região de Londrina, era fogo na roupa. Apesar dos quase 60 anos, vivia como se fosse um garotão. Certa vez, lá pra meia noite, bateu na porta da casa de um compadre. Quem atendeu foi a comadre que, assustada, perguntou:
___Compadre do céu, aconteceu alguma coisa grave?
___Olha, comadre! É coisa grave sim! Um acidente terrível tirou a vida de um amigo meu e do compadre. A senhora não o conhecia. Mas era um bom homem lá de Londrina. Por favor, chame seu marido que nós temos que ir agora pra lá.
A comadre, ainda meio atordoada, atendeu o pedido. Dois minutos depois, lá estava o compadre na porta, de ceroula e meio aturdido, perguntando:
___Quem morreu, compadre?
___Foi o Durvalino! Acidente terrível! Caixão lacrado! Se arruma e vamos embora logo! É nessas horas que se conhece os amigos.
___Durvalino, compadre? Num tô lembrando quem era esse homem!...
___Apressa aí, compadre! Vai logo por uma roupa! No caminho eu explico!
Não demorou os dois amigos já estavam na rodovia. O compadre que fora acordado, continuava insistindo:
___Compadre, não consigo lembrar quem era esse tal de Durvalino!
___Deixa eu prestar atenção na estrada, homem! Você já se lembra! Force a memória!
E assim foram. O compadre metido a garotão, se esquivando de explicar, e o sonolento insistindo que não conseguia lembrar do falecido.
O carro voava pela estrada. Logo estavam próximo de Rolândia e, no famoso quilômetro cinco, onde havia uma das maiores zonas do baixo meretrício do Paraná, o compadre que estava ao volante, entrou com tudo e ainda deu um cavalo de pau no terreiro da primeira casa, que foi poeira pra todo lado. O sonolento gritou apavorado:
___Você está ficando louco, compadre? E o Durvalino!
Aí o homem perdeu a paciência e foi ele quem esbravejou:
___Tá bom, compadre! Da outra vez que eu souber que chegou uma safra nova de menina bonita por aqui, eu vou até sua casa, chamo a comadre e digo pra ela que fui buscar você pra gente ir na zona, seu burro!