PIMENTA BRAVA NÃO É PRA QUALQUER UM

Dois amigos tomam cerveja e jogam prosa fora num boteco. Em dado momento, um deles observa um enorme vidro de curtida de pimenta em cima do balcão e fala:

___Meu amigo, te digo que não existe pimenta mais ardida que essa maldita!

___Que nada! Dessa como de colherada, diz o outro!

Bastou isso pra se instalar a maior discussão!

Um insiste que a pimenta é da brava, enquanto o outro afirma que é fraca.

A conversa só para por que começa a passar um enterro. Como de costume nas cidades do interior, o dono do bar baixa as portas como sinal de respeito ao falecido.

O amigo que insiste que a pimenta é forte, deixa a discussão de lado e fica fora do bar com a cabeça baixada em sinal de reverência ao morto que está sendo levado ao cemitério local.

O outro, aproveita o fato de ficar sozinho, pega uma colher que está na pia, enche de pimenta e mete na boca com gosto. Parece que está engolindo fogo. Se afoga, tosse feito um condenado e pra amenizar, manda ver na cerveja! Bebe quase a garrafa inteira, mas o ardume não passa. Então, enche a boca de cerveja, não engole, senta numa cadeira, espreme as duas mãos entre os joelhos e as lágrimas correm soltas. Nisso o amigo volta e vendo o companheiro em lágrimas, pergunta:

___Parente seu esse que que passou?

___Parente não! Mas a gente sempre sente um pouco, não é mesmo?