As aventuras de Tonico - O heroísmo não compensa...
As lembranças dos meus tempos de menino seriam adoráveis se não vivêssemos numa pobreza absoluta, o que me enchia de ódio contra o mundo inteiro, e se não tivessem ficado na minha memória as ardidas lembranças das muitas surras que a minha brava mãe me aplicava, enfurecida com as minhas trapalhadas que não eram poucas nem boas.
Não gostava, já disse, do meu apelido Tonico porque lembrava o capiau, o Jeca-Tatu das histórias dos gibis dos meus tempos de menino. Não me lembro se o Jeca-Tatu, além de atrapalhado, era brigão. Mas eu era! Não levava desaforo para casa e, para o meu azar, estava sempre me defrontando com moleques safados, que me aporrinhavam a paciência ou a do meu irmão. O meu irmão Joaquim era o meu oposto, calmíssimo, nunca esquentava por nada. Eu era o caçula da família e esse meu irmão, dois anos mais velho do que eu, sempre me dava broncas danadas por causa desse meu talento em atrair encrencas.
Um dia, na hora da merenda, um moleque aproximou-se do meu irmão, que estava saboreando um pão com doce de goiaba, e ordenou:
- Me dá um pedaço do teu pão!
Meu irmão, pacífico, ia obedecer, quando eu intervim, já zangado:
- Não dá nada para esse filho de uma égua, o pão é teu, não tens obrigação de dividi-lo com ninguém!
O moleque fingiu não me ouvir e sabendo que o meu irmão era um moleirão, continuou a pressioná-lo:
- E aí, cara, vais dar ou não?
E aproveitando a indecisão do Joaquim, deu-lhe um tapa na mão, fazendo a merenda rolar pelo chão.
Não prestou! Enquanto o meu irmão ficava olhando triste para a ex-merenda, eu investi para o moleque, cobrindo-o de porradas. Atracamo-nos feio, o moleque era forte e estava quase me dominando quando peguei o estojo de objetos escolares do Joaquim, pequeno, mas de madeira rija. Espatifei-o na cabeça do moleque, que quando viu o sangue escorrer da sua testa botou a boca no mundo e tratou de picar a mula para casa.
Quando chegamos a casa, Joaquim foi logo me entregando:
- Mamãe, olha só o que o Tonico fez! Quebrou o meu estojo numa briga besta. Não tem jeito mesmo, todo dia ele se mete em encrencas, só me faz passar vergonha!...
E a taca caiu sobre o meu lombo.
As lembranças dos meus tempos de menino seriam adoráveis se não vivêssemos numa pobreza absoluta, o que me enchia de ódio contra o mundo inteiro, e se não tivessem ficado na minha memória as ardidas lembranças das muitas surras que a minha brava mãe me aplicava, enfurecida com as minhas trapalhadas que não eram poucas nem boas.
Não gostava, já disse, do meu apelido Tonico porque lembrava o capiau, o Jeca-Tatu das histórias dos gibis dos meus tempos de menino. Não me lembro se o Jeca-Tatu, além de atrapalhado, era brigão. Mas eu era! Não levava desaforo para casa e, para o meu azar, estava sempre me defrontando com moleques safados, que me aporrinhavam a paciência ou a do meu irmão. O meu irmão Joaquim era o meu oposto, calmíssimo, nunca esquentava por nada. Eu era o caçula da família e esse meu irmão, dois anos mais velho do que eu, sempre me dava broncas danadas por causa desse meu talento em atrair encrencas.
Um dia, na hora da merenda, um moleque aproximou-se do meu irmão, que estava saboreando um pão com doce de goiaba, e ordenou:
- Me dá um pedaço do teu pão!
Meu irmão, pacífico, ia obedecer, quando eu intervim, já zangado:
- Não dá nada para esse filho de uma égua, o pão é teu, não tens obrigação de dividi-lo com ninguém!
O moleque fingiu não me ouvir e sabendo que o meu irmão era um moleirão, continuou a pressioná-lo:
- E aí, cara, vais dar ou não?
E aproveitando a indecisão do Joaquim, deu-lhe um tapa na mão, fazendo a merenda rolar pelo chão.
Não prestou! Enquanto o meu irmão ficava olhando triste para a ex-merenda, eu investi para o moleque, cobrindo-o de porradas. Atracamo-nos feio, o moleque era forte e estava quase me dominando quando peguei o estojo de objetos escolares do Joaquim, pequeno, mas de madeira rija. Espatifei-o na cabeça do moleque, que quando viu o sangue escorrer da sua testa botou a boca no mundo e tratou de picar a mula para casa.
Quando chegamos a casa, Joaquim foi logo me entregando:
- Mamãe, olha só o que o Tonico fez! Quebrou o meu estojo numa briga besta. Não tem jeito mesmo, todo dia ele se mete em encrencas, só me faz passar vergonha!...
E a taca caiu sobre o meu lombo.