FATOS DE BOTECO
Contou-me certa vez o meu finado marido que estando em uma mesa de bar com amigos, um deles, deu-lhes a notícia que já estava a fabricar cachaça. Na ocasião discorreu os nomes que pensara dar à pinga de sua fabricação. Discorreu uns dez nomes, pausadamente, olhava para os amigos tentando ler sinais de aprovação ou não-aprovação ao nome anunciado. Passados alguns minutos, fez-se um silêncio rompido por meu marido, isso em meio a tira-gosto, cervejas e aperitivos. Todos se voltaram para o falante que com voz professoral parlamentou:
- Não sei o porquê de tanta indecisão na escolha do nome de sua pinga. O nome dela vem da sua vida e brota do seu coração. Todos olharam ainda mais curiosos, inclusive o fabricante que até conteve a respiração.
E o Walter continuou. O nome de sua pinga é "Dois amores". Naquela hora o riso ecoou solto e etilizado entre os amigos. Apenas não sorriu o empresário em questão.
Acontece que era casado, pai de muitos filhos e vivia com a esposa e amava e se relacionava clandestinamente com a concunhada. Para ele aquele era um segredo que guardava a "Sete Chaves" e ele viu tudo escancarado na mesa do boteco. Claro que ele não aceitou a sugestão, riu sem graça e mudou o rumo da conversa. Afinal, como explicar aos seus o nome "Dois Amores" para a sua pinga?