DANÇA DAS UTOPIAS

Eu gosto de viver amores impossíveis

No sonho eles se tornam factíveis

Isso, certamente é porque os invento

As possibilidades logo se apresentam

Lanço a semente e espero florescerem

E rego a terra com ternura somente

Imagino que seja um incrível momento

É como se fosse pintura da mente

Talvez amedrontada com a realidade

Por vezes fujo dela com criatividade

Talvez desconfiando da felicidade

Lanço palavras ao vento pela cidade

E quem me cativa pode inexistir

Mas também pode comigo co-existir

É a miragem que vou construindo

Em quimeras de amores se abrindo

Talvez de real seja só um retrato

Com o qual me relaciono enamorado

Pode ser uma imagem desfocada

Mas que guardo bem guardado

Se me detenho enquanto imagino

Vivo um amor sempre apaixonado

De forma romântica materializada

Construo o meu paraíso encantado

E surge um deus grego quase divino

A fazer a corte a uma bela ninfeta

Mas humanizado não vai ser perfeito

Por isso desenho-lhe alguns defeitos

Se olhar direito tem os pés de barro

Mas o coração é lindo e fenomenal

É criação minha, sei que é irreal

Mas eu não ligo e acho normal

É tão gentil, amável e amoroso

Com ele me sinto bem por ser prestimoso

Tem qualidades de um ser primoroso

E por vezes se mostra bem charmoso

Vale mais que um tesouro de piratas

Por ele poeto nesta na medida exata

Mas foi pirateado, o meu bem amado

Um ser valioso, gostoso e antenado

Porque foi roubado detalhe por detalhe

Eu o sinto melhorado a cada entalhe

Em uma montagem usando photoshop

Um dia ainda tomaremos um chope

Esse tipo de roubo me deixa deslumbrado

Pela imaginação e pela realidade

Sinto que estou a caminho da felicidade

Mesmo que tema a desilusão e saudade

Sou sincera, confesso, clonei tudo

O protótipo está em genes gravado

De alguma criatura que um dia amei

Eu tentei esquecer, mas a eternizei

Ao passar por mim me encantou

Com sua sensibilidade me conquistou

Depois sem fantasias me encontrei

E a toda hora volta como esperei

Roubou meus dias e mudou meus planos

Fica agora a me trazer novos enganos

E assim, um ladrão que rouba outro ladrão

Tem o perdão ao menos por cem anos

E eu vivo melhor assim só de ilusão

E não me importa a tua compaixão

Nem quero que ele exista realmente

Porque assim eu o emolduro somente

Realizo meu sonho e não me arrisco

Por ele enfrentarei inúmeros riscos...

Está em mim imortalizado eternamente

E todos foram felizes para sempre!

Dueto: Lourdes Ramos e Hildebrando Menezes

Veja o poema em vídeo:

DANÇA DAS UTOPIAS

http://www.youtube.com/watch?v=JEB6ICuZEu0

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 19/07/2009
Reeditado em 27/07/2009
Código do texto: T1708112