M.J. MORREU E NINGUÉM PARECE SE IMPORTAR

M.J. MORREU E NINGUÉM PARECE SE IMPORTAR

(Autor: Antonio Brás Constante)

Morreu há alguns dias atrás M.J. Morreu em casa, sozinho, sem amigos. Morreu de frio. Morreu pobre, moribundo. Morreu mulher. Você que provavelmente começou a ler este texto achando que eu iria falar de apenas um M.J., astro do pop, que fez as lágrimas rolarem de inúmeros fãs, e que teve o mesmo princípio de vida que a grande maioria, ou seja, lutando numa corrida louca para existir, enquanto seus pais faziam a festa, se enganou. Pois quero aproveitar para falar dos tantos M.J. que andam entre nós, anônimos como nós.

Eles varrem as calçadas de nossa cidade, comem nos mesmos restaurantes e lancherias que comemos, nos xingam no trânsito, ou seja, vivem ao nosso redor, e quando morrem sequer derramamos uma lágrima por eles. Entre eles encontramos crianças desamparadas, ou velhos vivendo em asilos totalmente abandonados, são mães e pais de família, jovens na busca por um emprego para ganhar a vida. Jovens que perdem a vida empregando seu tempo na busca de veneno, desses que também matam celebridades em Hollywood.

Esses M.J. poderiam ser chamados por tantos nomes usando essas mesmas siglas, mas suas sinas não nos atraem. O M.J. anônimo, lutador, não dá notícia, não atrai multidões, não vende milhões (ou seriam bilhões?). Conforme citou um jovem de nome Rafael, que costuma ceder um pouco de seu tempo para prestigiar meus textos: “O jornal de hoje sempre acaba embrulhando o peixe de amanhã!” (autor desconhecido), a memória das pessoas também faz assim, hoje aplaude, mas no outro dia já esqueceu, e os ídolos viram pó, sem dó, abrindo espaço para novas estrelas terrenas que o nosso pequeno mundo invadem.

Um M.J. morreu, deixando toda uma obra que ficará viva até que algum ditador apocalíptico resolva estourar alguns fogos atômicos para terminar com todas as farras deste mundo.

Enfim, vivemos em um mundo onde muitos têm piedade de poucos, e muito poucos dizem se importar com muitos (que nem são tantos como tentam parecer). E assim a humanidade segue olhando a luz das estrelas distantes, com um ar de admirada, enquanto pisa sobre si mesma sem parecer se importar com mais nada.

abrasc@terra.com.br

Site: www.recantodasletras.com.br/autores/abrasc

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