Pisada no pé
Há algum tempo eu trabalhava na superintendência regional próxima a minha casa, minha amiga de todas as histórias - a maluca - trabalhava no mesmo setor que eu, íamos andando juntas todos os dias.
Um dia no caminho tinha uma pedra, digo, não é isso! Devaneios... Bom, continuando, tinha um sujeito deveras "interessante", veio andando em nossa direção. Vestia uma camisa social abotoada por completo - estávamos no verão, mais de 30ºC, provavelmente -; uma bermuda curta, como um calção de futebol, só que com tecido grosso; aquele chinelo Raidder e uma meia gigante tomando conta de toda a canela, chegando até a batata da perna.
Ele parou em minha frente - minha amiga é enorme e sou baixinha, será que ele não a enxergou? - me olhou enquanto movimentava as mãos com muita rapidez, como se estivesse com pressa ou retirando algo grudado dos dedos. E com muita ligeireza dise:
- Pi-pi-pi-pisa no meu pé pra mim! - gaguejou, mas não perguntava, ordenava.
- Pisar no seu pé? - perguntei com um sorriso que se estendia em todo o meu rosto, o de todos os momentos.
- É! Anda! Pi-pi-pi-pisa no meu pé!
A essa altura a maluca da minha amiga ria de chorar e eu ria também de nervoso, não sabia se deveria pisar ou não.
- Assim, com meu sapato mesmo? - perguntei intrigada, com a voz risonha.
- N-não, né?! Ti-tira o sapato! - ele parecia se irritar com minhas questões.
Comecei a pisar no pé dele e a força aumentava, eu pisava com força mesmo e já não queria parar. Cheguei a ficar com medo de mim, eu sentia prazer com aquilo! De repente, não mais que de repente, ele berrou:
- Ah! T-tá-tá bom, né? Agora você tá me machucando - disse ele enquanto calçava o chinelo. - O-o-obrigado! - Em seguida deu as costas e virou-se indo para outro lado.
Não entendi nada!