Quem mandou perguntar?
Estava em um ponto de ônibus depois de uma entrevista de emprego e uma menina falava ao telefone com o pai - como sempre eu bisbilhotei a conversa de um terceiro, mas já peguei em andamento.
Ela chorava muito e mal conseguia falar, foi mais ou menos assim:
- Paaaaii! Vem logo! Aaaaaaa - isso é o choro dela, só pra constar - (...) Não pai, eu não posso, não dá! Vem logo! Aaaaaaa.
Esperei que ela desligasse o celular, me sentei a seu lado e perguntei, com a cara de pau que tenho, se estava tudo bem, assim:
- Tá tudo bem com você? - minha cara era de planta, sabe?
- Nãããããããoooo!!! - respondeu limpando as lágrimas do rosto e respirando fundo na tentativa de se acalmar.
- Eu posso te ajudar em alguma coisa? - nesse momento eu já tinha me assustado com tamanha sinceridade da mocinha.
- Nããããããoooo!!! - pensei em palavrão na hora, eu juro, mas não posso falar, pensem! E ela continuou. - É porque eu tô com tendinite e tomei um relaxante muscular, e ele relaxou tudo. Aaaaaaa!!!
- Ô meu Deus! Tenta ficar calma, tá bom? Que ônibus você vai pegar?
- Eu não posso pegar ônibus...
- Tem um banheiro ali, você quer que eu te leve até lá?
- Nãããããoooo!!! Eu não posso levantar daqui agora, se eu levantar eu faço nas calças, tá quase saindo!
Meu ônibus veio em seguida! (Ainda bem!)
Isso não é engraçado!