DESCULPAS ESFARRAPADAS

Muitos maridos “puladores de cerca” dão desculpas esfarrapadas ás suas esposas, mas essa foi campeã...

Catonho era casado com uma mulher muito ciumenta, porém ingênua, ele vivia aprontando as suas e ela após ouvir suas desculpas, acreditava que ele era um anjo de pureza. Ela cuidava de duas crianças pequenas, diferença de um ano no nascimento. Ele fogoso, chegava em casa após um cansativo dia de trabalho, e sempre querendo... Ela exausta pela dura faina da casa, nem sempre topava. Ele dizia a ela que iria ao cinema, e ela não podendo acompanhá-lo, por causa das crianças, a contragosto o liberava. Mas que cinema que nada, ele ia era para a zona boêmia, onde sempre o esperava de braços abertos, a prostituta Joaninha. Ela estava sempre disposta: não tinha enxaqueca, cansaço, TPM. Fogosa, estava sempre no cio. Como Catonho era freguês assíduo, de caderneta, boa pinta e bom de cama, tinha a prerrogativa de pagar apenas meia.

Quando ele chegava a casa, sua mulher o farejava como uma cadela perdigueira. Se notasse algum cheiro estranho, ele tinha que explicar. Uma noite, ele chegou em casa cheirando a perfume barato da Joaninha, sua mulher já começou a brigar. Ele disse:

-Você sabe quando passa filme do Mazzaropi: filas enormes e o povo querendo entrar de uma só vez, como a porta é estreita, fica aquele empurra empurra mulheres encostando na gente. Se um dia pegar fogo no cinema... Sei não, vai haver uma tragédia. Ela aceitou as explicações.

Uma noite ele disse à mulher:

-Tem um circo na cidade, e vai vir aquela dupla famosa, Cascatinha e Inhana, vou assistir, você não se importa não é?

Ele se embonecou todo, e ao invés de ir ao circo, foi visitar a Joaninha, que o recebeu de braços e pernas abertos. Após tirar o atraso, e verificar a hora, resolveu voltar para casa. Chegando a casa é que viu sua camisa branquinha toda manchada de batom vermelho. Ele sabia que a mulher o estava esperando. Teve uma idéia: rolou na poeira, amarfanhou a roupa, escalavrou o rosto no chão e entrou em casa. A mulher se assustou ao vê-lo naquele estado:

-O que aconteceu? Perguntou ela.

-Você nem imagina o que aconteceu: Cipriano meu afilhado, passou por baixo do pano do circo e um funcionário de lá o pegou e começou a bater nele, eu entrei no meio e desci o braço no cidadão... rolamos na poeira, o cara era mais forte do que eu e se a polícia não entra no meio eu tinha apanhado mais...

A mulher já estava convencida, mas de repente ela disse:

-Pera lá, e essas manchas de batom em seu colarinho?

Catonho pego no pulo, saiu-se com essa:

-Ah, você nem imagina quem era o funcionário do circo, era o palhaço, já fantasiado e pronto para entrar em cena...na refrega ele me sujou todo de batom...

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 15/06/2009
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