O BEBADO E A CATRACA
Há 25 anos presenciei uma cena num ônibus, após meu carro ter pifado, que muito me constrangeu: o cobrador maltratava um bêbado que dizia não estar conseguindo pegar o dinheiro (de tão bêbado estava) e o cobrador empurrou-o para fora do ônibus e por pouco o coitado não arrebenta a cara no muro de uma casa.
Todos nos revoltamos e resolvi dar o troco, com esta cena de uma peça que escrevo há anos, intitulada "O BANCO", que trata da parte triste e humorística do uso das drogas. O banco é a única mobília da peça, não tem nada a ver com a outra droga que rouba quem precisa.
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O BÊBADO E A CATRACA – A cena se passa num ônibus. Um bêbado (B) parado na catraca, o cobrador (C) sentado no “banco” esperando que ele pague e passe.
C: Ô meu, paga ou desce!
B: Eu tava pensando... Me acompanha: Se eu fosse um rei, minha mulher seria uma rainha e o meu filho... Seria um prinspe! Tá acompanhando?
C: (Faz cara feia): E daí?
B: Segue meu raciocínio... Agora, se eu fosse uma rainha... É se eu fosse uma rainha,... meu marido seria um rei e o meu filho... Meu filho também seria um prinspe! Tá acompanhando?
C: Chiii! É hoje!
B: Deix’eu completar meu raciocínio... Tá acompanhando? Se eu fosse um príncipe... Se eu fosse um príncipe, meu pai seria um rei e a minha mãe...É, a minha mãe seria uma rainha! Percebeu? Seguiu o raciocínio?
C: E se a sua mãe fosse uma prostituta?
B: Bem proposto, muito bem proposto! Demora um pouco, mas eu acho o raciocínio! Me acompanha: Se minha mãe fosse uma prostituta... É isso aí! Se a minha mãe fosse uma prostituta... O meu pai seria... É, o meu pai seria um corno e eu... Eu seria cobrador de ônibus!
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