DATILÓGRAFO DE QUARTEL
Não sei por que, talvez pelo fato da Capital Federal ser no Rio de Janeiro, ou talvez por que só ali existia quartel do exército, nunca procurei saber disso, o certo é que meu pai, residente no norte de Goiás, foi me alistar em Niterói.
Logo no primeiro mês de “adestramento”, sofrimento insuportável, sem traquejo para aquelas atividades, comida não existia pior, longe da minha família, tratado quase como animal, pensei que não ia suportar tudo aquilo. Até que certo dia, numa reunião do comandante com os “recos”, pediu que quem tivesse o curso de datilografia, levantasse a mão.
Levantei a mão, olhei para os lados, vi que mais um ou dois também levantaram as mãos. Azar meu se perdesse a concorrência para aqueles dois colegas. Na época, graças a Deus, curso de datilografia era dádiva de poucos, pensei eu.
Vi que a turma já me olhava de um modo diferente... Talvez com inveja das minhas habilidades e da superioridade que eu ia ter a partir daquele dia.
No fim da reunião, o comandante dispensou todos, bastasse ficar os que tinham o curso de datilografia.
Pediu que os acompanhasse. Passamos pelo portão, entramos numa área de mais ou menos 80 m de largura por 80 de comprimento, aquela área toda concretada com cimento grosso. Área cimentada, depois de algum tempo, trinca toda com rachaduras e ali naquelas aberturas nasce grama que ficas infestadinha.
Num tom grosseiro, ordenou que a partir daquele dia o nosso serviço seria arrancar aquela grama. E tinham que ser arrancadas com a unha, pois ali não podia usar ferramenta para não estragar o piso.
Durante a noite, nos primeiros quinze dias, tivemos que colocar as mãos na salmoura