Sujeitinho atrevido
UM SUJEITINHO ATREVIDO!
De tanto sentir picada
E zoada nos ouvidos,
Passar a noite acordado
E amanhecer mal dormido,
Eu resolvi dar um basta!
E enfrentar o inimigo,
Fui à casa do mosquito
Que gritou assim comigo:
- Não venhas me aborrecer,
Não quero ser agredido!
Tu bem sabes, sou malandro,
E não transijo contigo,
De dia estou descansando
Odeio ser perseguido.
- Seu Aedes, com licença,
Abra a porta, quero entrar,
Não aceito indiferença,
Se não me ouvir, vou brigar!
Quero pedir sem tardança
Pra nossas casas deixar,
Meu povo já não descansa
De tanto você picar!
- Não entra, não dou licença!
Sai daqui, “vai te catar”!
Se fizeres desavença
A coisa vai piorar!
Eu não tenho outro destino,
Minha vida é só picar.
Vou te dar muita picada
Não me venhas reclamar!
- Mas, seu Aedes, escute:
- O Ribeirão da cidade,
Foi limpinho em tempos idos,
Muito peixe se pescava
Todo mundo bem servido,
Hoje está tão maltratado,
Corre lento, abandonado,
E você, bicho safado,
Dele fez esconderijo.
- Pra que tu queres o peixe?
Deixa o bichinho nadar!
Se já tens outras comidas
Pra tua fome matar,
Eu não persigo ninguém
Só quem tem sangue pra dar
Eu sei que tens muito sangue
Por isso vou te picar...
- Vira pra lá este bico
Não quero sua presença,
Dengue e Malária, cruz credo!
Não venha trazer doença,
E antes que eu me aborreça
Pra evitar malquerença,
Vou reclamar no governo
Suma daqui dá licença!
- Mas que conversa idiota,
Não é hora, agora não!
Autoridade não importa
Só vem aqui na eleição,
E pra encurtar a conversa
Te mando lamber sabão!
Se meu pedir valeu nada
Meu povo vou convocar
Pra expulsar esta praga
E a sujeira acabar,
Que cada miracemense
Trabalhe sem descansar,
Evitando jogar lixo
Pro ribeirão carregar.