A MULA E A CACHORRADA

A MULA E A CACHORRADA

Era sempre a mesma coisa!

Chegava o sábado, o Tião pegava emprestada a mula do seu tio e ia pra casa da namorada. Mas o coitado tinha que passar pela colônia de uma fazenda de café pra depois chegar ao seu destino.

E era aí que a coisa complicava!

Na colônia, morava uma viúva que tinha uma cachorrada danada.

Toda vez que o Tião passava por lá, os bichos partiam com tudo pra cima da mula. Eles adoravam morder o rabo do animal.

Tinha cachorro que chegava a ficar pendurado!

Era um sufoco danado!

Um dia, o Tião não aguentou mais e foi falar com a dona da cachorrada. Tempo perdido!

A mulher ouviu, ficou zangada com ele!

Isso não é problema meu, disse ela!

Se vire com os bichos!

Pra completar, bateu a porta na cara do rapaz que ficou furioso com a falta de educação da mulher.

Quando chegou em casa, contou pro tio o que havia acontecido.

Ele, que não era de aguentar desaforo, teve a infeliz idéia de dizer pro sobrinho...

No próximo sábado, eu empresto meu garruchão de chumbo pra você!

Quando estiver passando por lá e a cachorrada atacar, não tenha dó, meta chumbo nos bichos!

E deixe o resto comigo!

Não deu outra!

No sábado seguinte, o Tião se preparou e foi!

Parecia que estava mais a fim de dar um jeito na cachorrada da viúva, do que namorar.

Foi chegar em frente a casa, e a cachorrada atacou sem dó!

Não demorou, a mula estava correndo com uns cinco cachorros, pega-não-pega no seu rabo!

Então, o Tião pegou o garruchão, se virou pra trás e mandou chumbo!

Foi só grito de cachorro!

A mula, enlouquecida, virou pra trás e só parou de correr quando chegou na casa, onde o Tião morava com o tio.

Apavorado, o rapaz relatou tudo!

Então, o tio disse..

Pelo menos matou algum cachorro!?

A resposta foi desanimadora...

Cachorro eu não acertei nenhum, tio!

Mas a mula ficou sem rabo!!!

Lázaro Alves

18/05/2009

Adaptação de um causo contado pelo saudoso Sebastião Isidoro, taxista de Carlópolis, sobre o seu tempo de juventude.