AVENIDA PERIGOSA*
Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade, é semelhança mesmo, não tenha dúvida.
Certo dia, um ônibus parou numa avenida e lá ficou durante algum tempo, devido a uma confusão que acontecia dentro dele. O problema era que um passageiro “havia dado” dez reais para pagar a passagem e o cobrador reclamava que não tinha troco.
Na discussão o cobrador, gritava delicadamente para o passageiro: “Eu não posso trocar dez. Eu só posso trocar cinco, que é o troco máximo obrigatório”. E depois de muito rebolado, com as mãos nos quadris, dengosamente perguntou: “O senhor não tem menor?” E o passageiro, no mesmo rebolado e com a mesma delicadeza, respondeu: “Se eu tivesse, eu dava, evidentemente. Pois dar, é comigo mesmo. Claro que eu não tenho. Quer revistar? Revista, revista”.
Naquele momento, outro passageiro, já impaciente com a demora, gritou para o motorista: “Vamos motô! Dê partida nesta droga que eu estou apressada”. E o motorista respondeu: “Calma coleguinha. Dar eu até que dou, mas o ônibus não vai sair agora. Você está reclamando de quê? Por que não veio de carro? A colega não tem carro?” E o passageiro respondeu: “Carro, eu?! Eu sou PEDERESTE”.
Mas a confusão entre o pssageiro e o cobrador continuou: “Você tem que ter”. “Mas eu não tenho”. “Você tem que ter”. “Mas eu não tenho, ôô”. E o cobrador resolveu chamar dois policiais que passavam pela calçada, e gritou: “Seus polícias, venham cá”. Os policiais olharam um para o outro e discutiram: “Ah, vá você Marly”. “Eu não, vá você MARLENE”. Um deles sugeriu: “Então vamos tirar a sorte. Uni duni tê, salame míngüê, um sorvete colorê, uni duni tê, vá, vô, cê”. E que perdeu, foi até o ônibus. “Qualé o babado? Por que querem autoridade?”. E o cobrador falou: “Ah! Seu polícia”. Suspirou fundo e completou: “Ah! Seu polícia. Imagine o senhor que este homem”. E passageiro, interrompeu: “Homem? Eu? Já perdeu a razão, já perdeu a razão”.
E a confusão continuou, quando, de repente subiu no ônibus, um senhor puxando um cachorrão. E o cobrador, delicadamente lhe disse: “O senhor viaja a fera fica”. O cidadão indignado olhou para o cachorro e histericamente gritou: “Fera? Reaja Lulu”. E o cachorro fez: “Miau, mi, au”.
A confusão não parou. Naquele momento adentrou no ônibus um desses conjunto de rock. Quatro rapazes, cada um com seu instrumento, e um dos policiais, histericamente perguntou: “Ah! Vocês são os Beatles? E eles responderam, em coro: “Não, nós somos os Bichas!
Enquanto isso, para acalmar o ambiente e arrecadar fundos para suas igrejas, dois meninos, cantavam algumas músicas sertanejas e de Reginaldo Rossi, dentro do ônibus. O policial (Marly, como preferia ser chamado), olhou para eles e perguntou: “Vocês são a dupla Xitãozinho e Xororó, que está abafando?” E eles responderam, a uma só voz: “Não, nós somos a dupla, TADEU e TADANDO”.
Mas a confusão ainda continuou. Naquele momento passava na AVENIDA um sargento da polícia, e o policial (Marly) resolveu chamá-lo, com gritos de histeria: “Seu Sargento! Seu Sargento! Venha cá, corra!” E o sargento respondeu: “Eu? Correr como com salto sete e meio? Devagar eu chego lá colega.”
Só para que fique bem claro, eu não estava neste ônibus. Nem passei perto desta AVENIDA. Estou contando porque me contaram.
Enquanto a confusão reinava, alguém deu um tiro dentro do ônibus e foi aquela gritaria. A “bicharada” toda gritava. O motorista resolveu puxar o ônibus e parar numa delegacia, próxima. O delegado entrou no ônibus e com uma voz muito grossa e uma cara de mau, perguntou: “Quem foi que atirou? Quem foi o gaiato que atirou?” Um casal que estava na primeira fila de assentos, resolveu se pronunciar, e o marido com uma voz muito meiga falou: “Eu vi tudo seu delegado”, mas a mulher, muito máscula, deu-lhe um soco na cara e disse: “Cala a boca Zeca”.
O delegado, continuou: “Quem foi que atirou? Vai aparecer o gaiato que atirou?” Um passageiro, que estava próximo à catraca, com muito rebolado e sensualidade, disse: “Eu vi Seu Delegado. Eu vi! Foi um rapaz. Um rapaz alto, forte, espadaúdo, com dois olhos azuis...” E o Delegado, já todo arrepiado e totalmente desfigurado, histericamente gritou: “Pára, pára, pára, você quer me matar?”
*Adaptação de um de antiga uma piada do humorista Chico Anysio.