O CORONEL ZÉ GAIÃO E SUAS PERIPÉCIAS
Essa caberia nas Histórias de Beiradeiro do nosso amigo Zelito, ou na, Só Sei que Foi Assim, do colega George Mascena.
O Coronel Zé Gaião, meu bisavô, era proprietário do Engenho Acaú de Cima, em Condado, mais conhecido como Engenho Acauzinho ou “Cauzinho”, como o povo preferia chamar.
Para ser mais preciso, o Coronel não era proprietário de engenho, era Senhor de Engenho, pois era assim que se denominavam os fornecedores de cana de antigamente.
Quem gosta de me contar essas estórias é o meu amigo Zé do Bode, que conheceu bem o Coronel Zé Gaião.
Com seu jeito meio alvoroçado, o Coronel sempre cumprimentava as pessoas por onde passava e fazia questão que todos também o cumprimentassem. Ele possuía uma burra que se chamava “automóvel”.
Alguns dizem que ele era meio doido. Eu não conheço alguém meio doido. Pra mim o sujeito ou é doido ou é normal, mas deixa pra lá. O fato é que ele repetia muito as conversas e tudo que dizia saia repetindo por onde passava.
Num certo dia o Coronel Zé Gaião ia passeando em sua burra, que sempre andava de orelhas em pé, e com uma tabica seguia como se fosse guiando à burra, balançando a tabica entre suas orelhas. Sempre falando sozinho:
- Automóve! Vamo automóve! Anda automóve!
No caminho ele encontrou um cidadão e o cumprimentou:
- Bom dia!
E o rapaz respondeu:
- Bom dia Coroné! Como vai Cauzinho?
O velho não gostou e retrucou:
- Cauzinho não, viu! Cauzinho não! Acaú de Cima. É Acaú de Cima.
E fazendo gestos com a mão completou:
- Cauzinho é o cu da mãe que é bem apertadinho.
- É o da sua Coroné.
- Da minha não, viu! É o da sua que eu falei primeiro.