AH,ENTÃO É ISSO!?
Ninguém entendia, naquela seção do ministério ,no Rio de Janeiro,o motivo do Jayme Conceição nunca ter sido promovido;era,de longe,o mais eficiente dos funcionários.Mas,nos meados dos anos 20,época em que se passou essa estória,ele entrou amanuense e,quinze anos depois,amanuense ainda era.Vira,com uma tranqüilidade de santo,passar á sua frente colegas mais novos,relapsos e inexperientes,até mesmo o Castelinho,notório filão,que,de segunda á sexta,faltava três dias ao trabalho.
O fato é que ele não caiu nas boas graças do Ministro,que sempre o preteria.
Homem do mundo,o ministro,paquerador,muito amigo do pulha,como diria Mestre Machado,adorava boa comida,boa bebida e boas mulheres.
Os colegas comentavam:
-É um sem sorte, nunca vi;o Jorge,que chegou ontem,já é Diretor de Arquivo;e,olhe que ninguém entende tanto de arquivo como o Conceição;
-E o Teixeirinha, dois anos de casa,primeiro escriturário!
Mas, o Conceição não se queixava;continuava fazendo o que sempre fazia e pronto.
Era um homem modesto; morava numa casinha,no subúrbio,que pagava barato;era alto,magro,bigodudo.Vestia sempre um paletó de alpaca,surrado,gravata preta e calças pretas,de casimira;sabia-se que era casado,com dois filhos homens,mas,ninguém lhe conhecia a família.
Após dezesseis anos de carreira, adoeceu;tinha pegado a gripe espanhola.Sem poder ir trabalhar,pediu á esposa para ir até a repartição,comunicar o fato a seu chefe,Dr.Miranda, segunda pessoa do Ministro.
D.Joaquina, vestiu-se, resignada,apanhou o chalé preto e saiu.
Alta,magérrima,desdentada,com olhos eternamente chorosos e mãos de quem esquentava a barriga no fogão e esfriava no tanque,rugas profundas ao redor dos olhos,estava muito distante de ser uma mulher bonita.Bem distante,mesmo!
Depois de esperar uns quinze minutos,o Miranda a atendeu;tomou o recado,anotou,agradeceu e despediu-a,respeitosamente.
Mal a porta se fechou atrás dela, ele ruminou com seus botões:
-Pobre do Conceição!Agora, sei porque nunca foi promovido.E,abrindo uma pasta,balançou a cabeça,tristemente-...e,nunca será!
Ninguém entendia, naquela seção do ministério ,no Rio de Janeiro,o motivo do Jayme Conceição nunca ter sido promovido;era,de longe,o mais eficiente dos funcionários.Mas,nos meados dos anos 20,época em que se passou essa estória,ele entrou amanuense e,quinze anos depois,amanuense ainda era.Vira,com uma tranqüilidade de santo,passar á sua frente colegas mais novos,relapsos e inexperientes,até mesmo o Castelinho,notório filão,que,de segunda á sexta,faltava três dias ao trabalho.
O fato é que ele não caiu nas boas graças do Ministro,que sempre o preteria.
Homem do mundo,o ministro,paquerador,muito amigo do pulha,como diria Mestre Machado,adorava boa comida,boa bebida e boas mulheres.
Os colegas comentavam:
-É um sem sorte, nunca vi;o Jorge,que chegou ontem,já é Diretor de Arquivo;e,olhe que ninguém entende tanto de arquivo como o Conceição;
-E o Teixeirinha, dois anos de casa,primeiro escriturário!
Mas, o Conceição não se queixava;continuava fazendo o que sempre fazia e pronto.
Era um homem modesto; morava numa casinha,no subúrbio,que pagava barato;era alto,magro,bigodudo.Vestia sempre um paletó de alpaca,surrado,gravata preta e calças pretas,de casimira;sabia-se que era casado,com dois filhos homens,mas,ninguém lhe conhecia a família.
Após dezesseis anos de carreira, adoeceu;tinha pegado a gripe espanhola.Sem poder ir trabalhar,pediu á esposa para ir até a repartição,comunicar o fato a seu chefe,Dr.Miranda, segunda pessoa do Ministro.
D.Joaquina, vestiu-se, resignada,apanhou o chalé preto e saiu.
Alta,magérrima,desdentada,com olhos eternamente chorosos e mãos de quem esquentava a barriga no fogão e esfriava no tanque,rugas profundas ao redor dos olhos,estava muito distante de ser uma mulher bonita.Bem distante,mesmo!
Depois de esperar uns quinze minutos,o Miranda a atendeu;tomou o recado,anotou,agradeceu e despediu-a,respeitosamente.
Mal a porta se fechou atrás dela, ele ruminou com seus botões:
-Pobre do Conceição!Agora, sei porque nunca foi promovido.E,abrindo uma pasta,balançou a cabeça,tristemente-...e,nunca será!