O INCÊNDIO DE ROMA NA EDUCAÇÃO DO BRASIL

Essa história eu escutei há muitos anos, nem lembro quem me contou ou se li em algum livro. Os leitores do Recanto da Letras devem conhecer, mas como toda vez que eu a conto, em mesas de bares, os amigos sempre acham engraçado, e muitos não a conhecem, eu resolvi contar aqui.

O Secretário de Educação do Estado resolveu visitar algumas escolas do interior para analisar como estava o nível dos professores municipais e a qualidade das escolas.

Pois bem, chegando à cidade, após conversar com o prefeito e outras autoridades municipais, o Secretário de Estado fez uma visita surpresa a algumas escolas. Em uma delas, ele conversou com a diretoria e depois foi até uma sala de aula. Chegando à sala, o Secretário se apresentou, conversou um pouco com a professora e pediu licença para fazer um teste de conhecimentos gerais com os alunos. O que foi permitido sem problemas. O Secretário perguntou a um dos alunos:

- Quem botou fogo em Roma? O menino começou a chorar e falou em tom de desespero:

- Não fui eu não professor! Não fui eu não.

Horrorizado com a resposta do aluno, o Secretário virou-se para professora e perguntou:

- Que absurdo é esse professora? Como é que eu pergunto a um aluno quem botou fogo em Roma e ele, simplesmente chora, e diz que não foi ele?

A professora não se fez de rogada e respondeu:

- Seu Secretário, esse aluno é preguiçoso, perturbador. Gazea muitas aulas. Sempre me dá um trabalho da gota, mas tem uma coisa professor, mentiroso ele não é não. Se ele disse que não foi ele, é porque não foi mesmo.

Com essa, o Secretário ficou ainda mais horrorizado e foi falar com o prefeito.

- Senhor prefeito, fiz uma visita a uma escola de sua cidade e fiquei muito triste. Perguntei a um aluno quem botou fogo em Roma e menino, ao invés de me responder, chorou e disse que não foi ele. Indaguei a professora sobre esse absurdo e ela me respondeu que o menino não é mentiroso, dizendo que, se o menino disse que não foi ele, é porque não foi mesmo. Isso é um absurdo. O Senhor tem que demitir essa professora.

O prefeito foi enfático:

- Senhor Secretário, a história é o seguinte, essa professora é filha de um amigo meu, que tem uma família enorme. São muitos eleitores, muitos votos. Além disso, ele é meu cabo eleitoral. Eu não posso demiti-la. Vamos fazer o seguinte, o Senhor manda ver quanto foi a despesa do incêndio que eu pago, mas não vamos demiti-la não.