Duelo Em 10 Linhas
Obs:Este Mote de Dez na verdade é um duelo poético que está acontecendo entre o Zé Roliço e um outro poeta (Roberto). Eu não postei a parte do Roberto, pois é dele, mas quem quiser ler entre na comunidade do orkut: Eu Escrevo Poesia - num tópico que tem por título: Nossa Crítica Também é Metrificada. E para que vocês entendam melhor: cada décima é uma resposta ou um ataque, ou seja, cada um é um poema diferente.
I
Este palco está formado
só poeta de primeira
e você na ribanceira
quer estar bem ao meu lado,
mas não gosto de viado
esse mal não tem quem cure,
então sai, não se aventure
vir comigo aqui rachar
ou tentar me intimidar,
pois quem sabe é só o juri.
Zé Roliço
II
Esse cabra é inteligente
sabe até fazer a rima
ficar pobre sem ser prima,
diminui a nossa mente
de poeta e rima quente
como muito aqui no orkut
que só nele quer dar chute,
pois pateta não se liga,
porque perde nesta briga
e vomita só yakut.
Zé Roliço
III
Quando tu eras criança
lá no lixo onde tu moras
apanhava das senhoras
e sentava bem na lança
"dos menino e das criança"
lá na rua ou lajeado
e tu todo abestalhado
sempre, sempre reprimia
toda aquela nostalgia
e agora és um viado.
IV
O meu peido é pra você
que no coco sem cabelo
(que eu sempre odeio vê-lo)
que se encontra na mercê
de um matuto que nem lê,
escrever ou conversar
e que nem sabe falar...
Tu és um bosta como eu,
rimador e fariseu e
não aceita o poetar.
Zé Roliço
V
Essa sua confissão
para mim não vale nada
sementinha de uma estrada
nunca brota no sertão
tem que ter mais coração
não ficar jogando fora
seu amor que só deflora
o huimilde e mais ralé
que não rende e fica em pé
na visão que nos deplora.
Zé Roliço
VI
Seu poema de playboy
não tem nenhum sentimento,
pois não viu o sofrimento
nordestino que me dói;
que por dentro me corrói
em saber que a desventura
do meu povo sem ventura
nunca causa algo sensível
em seu peito imperceptível
de boizim da cobertura.
Zé Roliço
VII
Se seu palco é de primeira
não abriu bem os teus olhos
porque eu só vejo os abrolhos,
os ferolhos na madeira
carcomida por besteira,
por cupim, por erva braba
na luz "gata" que baba
pras mulheres cariocas
tão estúpidas e chocas
por ver burro... e a festa acaba.
Zé Roliço
VIII
Sou valente e cabra macho!
Nunca vi ninguém assim!
Lampião no botiquim
quis até fazer escracho...
E eu de lado, tão pra baixo,
nem quis dar uma atenção;
ele cheio de razão,
chei de marra e valentia
quis tirar-me da agonia
e eu lhe dei um sapecão.
05/03/2009 11h50
Zé Roliço
IX
Tu não rima - só arranha,
faz que conta - é babador,
vagabundo, um estupor
que de mim somente apanha,
pois sou bom e tenho a manha
de deixar você no chão
e babando de montão
só tentando derrubar
o poeta popular,
presidente e campeão.
Zé Roliço
X
Inda vais tentar lutar
inventando mil histórias,
desejando ter mais glórias
que um poeta popular?
Quanto mais alto voar
um poeta faz-de-conta
que só faz riminha pronta
lá do topo cairá,
na chibata sentará,
pois nasceu pra levá ponta!
Zé Roliço
XI
(Depois que o Roberto demorou muito para responder)
O Roberto tá acabado!
Acabou-se a inspiração?
Poetóide fanfarrão
que passa a noite acordado
pra fazer coco embolado
como a mim rico poeta,
que da rima tem a meta
tem o dom e sempre rima
em qualquer horário ou clima
sigo em frente e meto a seta.
Zé Roliço
XII
Me chamou pra duelar
Este cabra que é o Roberto,
mas perdendo em céu aberto
logo, poi-se a lamentar
quando quis me aperrear,
pois fui macho violento
e manguei sem sentimento
do careca mais safado
cuma cara de viado,
fi de égua com jumento.
Zé Roliço
XIII
A família sua inteira
da primeira geração:
seu avô é um cagão,
sua avó é uma rameira,
sua mãe é machadeira,
as irmãs - da mesma linha
chocam mais do que galinha,
sua dona - outra rameira:
perverteu a vila inteira e
sua filha é mulé minha!
Zé Roliço
XIV
Se tu quer me ver rimar
vem comigo combater,
mas não quero nem te ver
no seu canto aí chorar:
- Zé Roliço quer parar,
por favor, somos parceiros,
lindos versos seus, ligeiros;
eu te peço: arrume o clima,
eu não vi que a tua rima
tem poder dos cangaceiros.
Zé Roliço
XV
Quanto "ão" que tu fizeste;
quanto "ar" que tu rimou,
mas de nada adiantou
sua rima é como o agreste:
não tem água, só tem peste
como a minha mão que é suja
como o ferro que ferruja
meu estômago e do povo
que não come pão e ovo,
pois pobreza sobrepuja.
Zé Roliço
XVI
Tenho gosto de comer
com a minha própria mão
... sim fazia Lampião
e depois ia lamber;
mas o que eu quero dizer
é que a tua mãe que é porca
e tão corda como a órca
pediu bença para mim
e depois disse-me assim:
- Pega aquele corno e enforca!
Zé Roliço
XVII
Lá no meio da serjeta...
(O lugar que é fedido!)
Onde eu vi um arrependido
que esmolava por gorjeta
ganhou boi da cara preta
fez churrasco - que gestículo,
pois ninguém quer ser ridículo
em doar pra quem não tem,
mas na festa tu também
só ficou com o testículo.
Zé Roliço
XVIII
Aqui todo mundo é xucro!
Tem careca e tem matuto,
tem paulista - homem bruto,
carioca que quer lucro
no versinho que é só suco.
Fico só 'qui neste tópico,
porque todos sabem, lógico
que este bardo rimador
pega tudo que é estupor
põe no lixo pois são tóxicos.
Zé Roliço
XIX
Pois foi lá no cabaré
que encontrei sua coroa
inté achei a véia boa,
mas peguei sua mulé
quando a pobre vêi de ré
adentrei sem compromisso
mesmo sendo num cortiço
fedorento pra dedel;
depois tu lambeste o mel
que saiu do meu Roliço!
Zé Roliço