O EXORCISTA

Certa vez um espertalhão resolveu dar uma de curandeiro, benzedor e exorcista. Era um malandro, charlatão, querendo se aproveitar da boa fé e da ingenuidade das pessoas. Mudou-se para uma pequena cidade, mandou distribuir panfletos prometendo curas e reatar namoros, trazer de volta pessoas amadas. Foi um sucesso, seu "consultório" vivia cheio. Dinheiro entrava aos montes. Um dia resolveu montar um palanque na praça mais movimentada da cidade, prometendo expulsar o demônio das pessoas. Fez um grande alarde na cidade, montou o palanque na carroçaria de um caminhão, alugou uma aparelhagem potente de som, com luzes e efeitos especiais. A praça ficou cheia. Ele subiu ao palanque cantou hinos, falou mais do que o homem da cobra. Em dado momento convidou quem quisesse subir ao palanque e achasse que estava com o demônio no corpo ele iria expulsá-lo. Ninguém se aventurou. Ele tornou a convidar e ninguém queria subir. Ele ficou meio frustrado, mas de repente um pobre coitado lá em baixo, começou a passar mal. O cidadão era epilético e estava tendo um ataque. Caiu no chão e começou a ter convulsões.

O espertalhão percebendo aquilo, notou que era um ataque epilético e sabendo que em poucos minutos o cidadão voltaria ao normal, gritou:

-Afastem-se, esse pobre homem está com o demônio no corpo, só eu posso livrá-lo. O povo afastou-se do cidadão que estrebuchava e se contorcia. Ele com o microfone na mão, agachou-se perto do infeliz e gritou:

-Saia demônio! Eu ordeno que saia do corpo deste infeliz!

E o cidadão alheio a tudo continuava na sua agonia.

O Charlatão berrou mais uma vez:

-Saia o corpo desse infeliz demônio, eu o desafio a tomar o meu corpo!

Ele estava agachado passando a mão e benzendo o coitado, suas calças estavam um pouco folgadas, deixando aparecer parte de suas nádegas. No exato momento que ele desafiou o demônio para passar para seu corpo, um fio elétrico desencapado, se soltou da aparelhagem de som e caiu no meio de suas nádegas. Ele recebendo o choque, começou também a tremer e se contorcer. E apavorado ele berrou:

-Volta pra ele, volta pra ele demônio, eu estava era brincando...

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HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 28/04/2009
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