Bordoadas
Não sei o que está por trás dos bordões, essas frases repetitivas que costumam se inseridas nas convesas , nos quadros humorísticos, nas novelas, nos comentários cá do Recanto.
Talvez seja uma forma de criar a marca pessoal, algo que defina uma imagem. Como Ibraim Sued, antigo colunista social que se repetia nos seus “Ademã, porque eu vou em frente, de leve”. Era ademã todo o dia, esse “A demain” aportuguesado do “snob”, que também criou o neologismo “niver”, justa abreviação de aniversario, apenas com sotaque francês: nivér. De leve.
Os humoristas são também mestres dos bordões, desde o “Fala sério!” do Bussunda, ao “Me poupe!”, que não sei de quem é, até os famosos “Eu amo essa neguinha!”, “Isso me ama!”, “e o salário, ó...”, do inesquecível Chico Anysio.
Aqui no Recanto observamos os bordões dos comentários, e são tantos que não ouso nem citar. Mas, o fato, é que eles facilitam a árdua tarefa de elaborar comentários, com um conteúdo padronizado, não chegando a se constituir em spans, que seriam textos idênticos reproduzidos ad infinitum.
Eu estou pensando em adotar um bordão que facilite os meus comentários. Sim, pois, as vezes, não conseguimos comentar, e, como não gosto de ser falso, nem de puxar o saco de ninguém, acabo por não comentar nada. Aí não ganho o meu troco em leituras.
Então o meu bordão vai ter que ser engraçado. Se plagiar o Bussunda e sair escrevendo “Fala sério”, vai pegar mal. Se colocar “Me poupe”, aí a desgraça está feita.
Estou pensando em colocar, simplesmente: “Este eu li”. Se gostar acrescento “e gostei”. Se não gostar, coloco, “Este eu li. Parabéns”, (está claro que os parabéns são pra mim). Se não conseguir ler, eu coloco: “Genial, poeta. Parabéns”.
Bem, acho que não é boa a idéia de usar bordões. Prefiro não trabalhar a minha imagem além dos textos sisudos que tenho colocado. E comentar o que me venha a cabeça, em cada momento. Porque cavalo não desce escada, e eu vou em frente, de leve.