Diálogo Insensato
- Alô!
- Aqui é o Sato.
- Quem?
- Sato!
- Não conheço nenhum Sato!
- Como não me conhece?
- Não estou entendendo o senhor!
- Preciso repetir? Além de dissimulada, é surda?
- Como é?!
- Incrível! Até parece que não me conhece mesmo!
- O senhor está bêbado?
- Ah! A senhora, então, me conhece!
- Continuo sem entender nada!
- Ora! Se diz que estou embriagado é por ser vidente?
- Não, senhor Sato. Por ser ouvinte! Estamos ao telefone!
- A senhora se acha muito inteligente!
- Na verdade, não. Permaneço na linha!
- É muito dissimulada mesmo! Como se soubesse o que é andar na linha!
- Melhor não contrariar!
- Chega! Exijo uma explicação! O que tem a me dizer?
- Nada! Não sou vidente. Só ouvinte.
- A senhora está passando dos limites!
- É que o senhor me pegou num ótimo dia!
- Voltamos à dissimulação?
- Senhor Sato, eu seria dissimulada se realmente tivesse a infelicidade de conhecê-lo, mas não é o caso! Então, preste atenção! Vou repetir bem devagar. O senhor está preparado?
- Fale logo!
- Eu não sei quem é o senhor!!!
- Claro! Só falta dizer que liguei para o número errado!
- Isso seria mais sensato, mas estou falando com Sato!
- A senhora sempre soube com quem está falando!
- Sim! Com um chato!
- Minha paciência tem limites!
- Quem ultrapassou todos os limites foi o senhor!
- Nada supera sua falta de vergonha, dona Serena!
- Serena?!
- SE-RE-NA!!!
- Cinismo, não!!! - E a mulher bate o telefone em sua cara!
http://www.dolcevita.prosaeverso.net