OLIM(PÍADA) "TRAGICÔMICA" (Crônica humorística - No transporte coletivo urbano)

A movimentação familiar começou às 17h no ponto do ônibus para Senador Canedo, dentro do Terminal Novo Mundo. Os passageiros com sorvetes e espetinhos apressaram-se para terminar suas guloseimas. Levantei-me rapidamente do pé da grade divisória onde estava sentado, disposto a enfrentar algumas cotoveladas em troca de um assento no ônibus. Infelizmente, apenas recebi as cotoveladas - as cadeiras já estavam ocupadas. Na confusão, como um saco de pancadas, recebi também pontapés.

Em meio ao aglomerado, notei um jovem com espírito desportista. Ele mantinha seu sorvete erguido para não sujar ninguém, semelhante a um atleta conduzindo a Tocha Olímpica. Aproveitei seu rastro para avançar! O sorvete derretia rapidamente, e para não desperdiçar uma gota sequer do caldo rosado, ele alternava entre as mãos, abaixando o braço repetidamente para lambê-lo. Pensei: este tipo de flexão de braço deve ser recomendado nas melhores academias da capital - certamente compensa as calorias do sorvete!

Finalmente embarcamos no veículo. Na primeira curva do terminal, o jovem descartou o resto do sorvete pela janela, necessitando das duas mãos para se segurar. O ônibus manobrou em alta velocidade, e todos fomos arremessados lateralmente. Naquele momento, o jovem transformou-se em um halterofilista, sustentando seus aproximados oitenta quilogramas de massa corporal.

Após dez minutos de viagem, um chuvisco começou. Os passageiros das janelas ergueram-se simultaneamente para fechá-las, num movimento harmonioso como uma equipe de nado sincronizado! O ar tornou-se denso e pesado - talvez dali surgissem bons mergulhadores, aqueles capazes de sobreviver com pouco oxigênio enquanto se exercitam vigorosamente.

Da frente do ônibus, um "atleta de tiro ao alvo" decidiu dar o tiro de misericórdia: próximo ao motorista, antes da catraca, começou a sorrir debochadamente. O riso propagou-se até o fundo do ônibus, transformando-se numa competição de gargalhadas. Logo surgiu um treinador improvisado, gritando:

"— Respirem fundo para acabar logo o aroma."

Quando a chuva cessou, ouvi uma sinfonia de vozes sufocadas ao longe:

"— Abre logo os vidros se não vamos morrer!" - eram os passageiros no corredor da "morte".

A equipe sincronizada ergueu os braços simultaneamente, abrindo as janelas.

Como maratonista frustrado, questionei-me sobre qual daqueles exercícios seria ideal para mim. Observei a tripulação em constante movimento na academia ambulante: quebra-molas nos faziam saltar, curvas acentuadas nos empurravam lateralmente, depressões asfálticas forçavam flexões de pernas, e as acelerações e freadas bruscas completavam o circuito.

Percebi que o segredo para o sucesso naquela malhação estava na resistência à desorientada força da inércia. Próximo à "Morada do Morro", o motorista mencionou seu atraso, lembrando-me das incontáveis corridas para alcançar ônibus sempre partindo. Somando essas pequenas corridas, já percorri quilômetros consideráveis este mês! Ainda assim, mantinha-me relaxado e satisfeito com os três minutos restantes de massagem involuntária. A senhora obesa ao lado alternava a posição de sua sacola, mas seus produtos congelados continuavam roçando em minhas pernas. Que "pena"! Despedi-me da comitiva no décimo ponto daquela linha.

Com base no texto, elabore respostas completas e abrangentes para as seguintes questões:

Que tipo de atividades físicas involuntárias os passageiros do ônibus praticaram durante a viagem?

De que forma o autor compara a experiência da viagem de ônibus com uma academia de ginástica?

Como o comportamento dos outros passageiros influenciou a experiência do autor durante a viagem?

Quais os desafios enfrentados pelos passageiros durante a viagem, além das atividades físicas?

Qual a visão do autor sobre a viagem de ônibus, considerando os aspectos positivos e negativos?