COISA DE LOUCO!

-Segura ela, segura ela!

Era o que se ouvia de fora , de lá das calçadas daquela unidade de saúde naquela confusão costumeira das manhãs, aonde alguém tentava acalmar os ânimos dos mais exaltados, naquele serviço ambulatorial, aonde os desanimados não eram apenas os profissionais.

E com razão.

Nunca se vira tanta desorganização.

A gritaria na fila atordoava todos os funcionários, e UMA SENHORA, cliente da psiquiatria, se destacava no ambiente por gritar bem mais alto, em visível agitação.

-Ele me bate, ele me bate, dizia ela em alto e bom tom. Vocês não estão vendo? Ele me bate...

Alguém saiu em busca do psiquiatra, que naquele dia se ausentava por stress.

O doutor foi a nocaute, alguém tentava concluir indignadamente.

Então, precisavam de outro alguém para socorrer aquela senhora, do "alguém "que lhe batia, entre a gritaria do povo e o choro estridente das crianças.

-Ele me bate, ele me bate-continuava a senhora.

De repente alguém "de branco" que rapidamente passava por ela, sem saber do que se tratava, foi agressivamente imobilizado como algo que é agarrado por fortes tentáculos.

Tentou respirar.Não conseguia.

-Alguém me ajuda, por favor, estou sufocado...

Então, imediatamente aquela robusta senhora largou o franzino doutor.

E calmamente, como num milagre, lhe perguntou muito preocupada:

-Está sufocado, doutor? Então, o senhor deve estar doente!

-Sim, devo estar sim!

-Claro que está doutor, posso ver que está esgotado!Como se sente?

O doutor, agora livre do sufoco, sentou-se na sua cadeira e desabafou:

-Ah, me sinto ESGOTADO! Muito esgotado!

-Esgotamento nervoso é sério, viu doutor? E já aconteceu comigo!- disse-lhe aquela tão competente e experiente senhora.

Finalmente alguém percebia o drama daquele doutor.ESGOTADO! Era o diagnóstico mais preciso que haviam lhe feito...NA VIDA!Sentiu-se mais aliviado...

-Senta aqui doutor, que eu tenho um bom remedinho.Conhece capim santo? faz um chá doutor, e tome tres vezes por dia.O senhor vai ficar bem calminho. Pra mim funciona, viu doutor?

E foi assim, prescrevendo o chá da cura para o doutor, que aquela calma e gentil senhora deixou o ambulatório, a procura de novos clientes...esgotados, como se nada houvesse acontecido.

E de fato, não seria nada difícil encontrá-los-aos montes-por ali...nas filas e nos balcões de sempre.

Coisa de louco!

Insanamente verídico.