HUMOR @_@
Era já tarde naquela manhã de chuva ao sol,
faltavam cinco minutos para daqui a bocado
e lá ia eu sem mim por ali abaixo sempre a subir.
Andava nu com as mãos nos bolsos,
ali parado enquanto falava calado
com toda a gente no meio de ninguém
que ali passava.
Chegou a noite
e eu que não conheço estava onde não estava,
iluminado por candeeiros de lâmpadas fundidas.
Entrei por uma saída
que me levou a nenhures sem sair dali
circulando num triângulo algures pelo quadrado redondo,
pintado sem tinta num rio de água seca que atravessei
sem saber nadar com medo corajoso de me afogar.
Fui visto por um cego
que tocava uma viola sem cordas
que apenas um surdo ouvia,
enquanto um mudo cantava eu dançava
quieto ao ritmo de uma estátua plantada
num jardim sem flores.
Abri a porta que nunca esteve fechada,
para chegar de rompante passado duas horas
ali tão longe ao meu lado,
mas cheguei tarde tão cedo,
ultrapassado pelo atraso de um caracol
que corria precipitado sem pernas.