VERSOS SATÂNICOS 41 - CÂMARA DE HORRORES
Diretor de check in, diretor de garagem, diretoria de anais... É o fim, quanta sacanagem! E por aqui eu paro. Não agüento mais! De anais? Espero que no sentido não anatômico, pois além de ser trágico é cômico. Uma coisa é certa: vivemos com o pepino entalado, mas daí o nosso senado criar diretoria para cuidar de um lugar que só excreta, ou só deveria, exceto por alguma fantasia secreta, própria de casais (e outros que tais) é uma demasia. Vá lá! Tanto enfiam no traseiro do brasileiro que contrataram um diretor. Não vai diminuir a dor, mas não custa perguntar sua função. Acaso será apenas untar e segurar o povão pelos quadris, tipo Último tango em Paris?
Cento e oitenta e um (acho que a conta se faz assim: 10 efetivos, o resto é 171) diretores e dez mil servidores tratados a pão-de-ló! E os salários, ó! Acha que é pouco, Pedro Bó? Eu aqui me concentro, desconcentro, não acho o epicentro e saio de órbita. Num lapso existencial entre mórbida e sórdida borboleteia a política nossa de cada dia. Oitenta e um senadores sendo servidos pelo batalhão acima que ganha hora-extra até nas férias é debochar da nossa miséria. É mais uma obra-prima da nossa avacalhada democracia. A culpa, eu sei, é minha. Pouca adianta gritar contra o Sarney. Se ele continua rei é por que eu não fiz nada, ou melhor, fiz. Fiz uma cagada, no bom português. Tive a idéia infeliz de eleger um dos três que dão suporte àquela cambada.
Daqui saíram Simon, Zambiaze e Paim, tidos como cidadãos probos. Claro que nos fizeram e bobos. Mais ainda o Senador coroa que esperneia sempre à toa. Faz uma vida que rema naquela canoa, balança daqui, balança dali, nunca enjoa e sempre fica na boa fazendo cara de brabo, mas claro, resguarda o próprio rabo fazendo o seu manifesto, limitado a conveniente contexto. Nunca chega a ser exatamente um protesto. Todos, dizem, são honestos, eu não atesto, para isso não me presto por que quem sabe e compartilha segue a mesma trilha e está na mesma quadrilha. Zambiase também não é bobo tem cara de cordeiro, mas negocia com o lobo e se agasalha na moita. Não sei se ele abiscoita, mas quieto, também acoita. O mais novo é o Paim. Este, por suas origens ditas socialistas, me parece ainda mais Caim. Se eles não sabem que o senado é recheado de safados são mais do que abostados abstratos. E talvez por isso estejam, muitos, abastados. Basta examinar os extratos.
Mas este tema que tanto trato está ficando chato. Ninguém mais parece estupefato com a ação daqueles gaiatos que nos fazem de patos e transformam cada eleição num estelionato. Do que chamam de casas do povo, e muito em especial o tal Senado Federal emana um ar já putrefato (mas por que diabos,afinal, um sistema bicameral?).
Esta turma toda será reeleita, não tem jeito. Dos cultos ao apedeuta, A propósito, para onde irá o Luiz? Será prefeito? Estará no Senado ou virá como deputado. Ou será Cônsul honorário onde puder verberar o seu bestiário? Para onde mandarão o Luiz? Quiçá para onde não hajam tantos olhos azuis.
Jair Portela