O BURACÃO!

Eu não sei não, mas esse negócio de "parentes" é um caso bem sério!

Ela é dentista e assim que se formou -me contava- lotou seu consultório...de amigos e parentes.

Uma tragédia de fato, mas ela ainda não sabia disso.

Entusiasmada com o frescor da profissão e com o juramento proferido, jamais deixou de agendar alguém que fosse, parente ou não!

E a primeira cliente, acreditem, foi a sogra!

Eu se fosse comigo, já acharia isso um sinal de mal presságio, me desculpem a sinceridade.

Lotaria o ambiente com plantação de arruda!

É que tenho experiência de vida,e inclusive... de morte.

Assentou a sogra na cadeira...e "vamos ver o que há..."

Havia. Deveras havia um buracão. Que azar...

Preparou a broca, abriu o dente e cuidadosamente curetou a cárie.

"Fique tranquila, não vai doer nada..."

Mas ingenuamente...esqueceu de rezar para o santo dos milagres impossíveis.

A sogra saiu, sequer agradeceu, mas não amoleceu!

Ela, preocupada com o procedimento, ligou logo mais naquela noite para saber se estava tudo bem.

"Tudo bem? Imagina, você me fez um buracão!"-reclamou a sogra.

Eu achei pouco, e esperava por mais, e então expliquei a ela.

Bom, dizem que um cliente bem atendido faz boa propaganda para sete, e um mal atendido, faz a difamação para catorze.

Não conheço as estastísticas de atendimentos das sogras, poucos devem se aventurar, mas pelo que conclui, podem acreditar, essas fecham o consultório de qualquer um.

Hoje, encontrei com a dentista minha amiga, que há muito já abandonou a clínica.

Contou-me a história que aqui reconto e me perguntou sobre o que acho dos " parentes".

Claro que pude opinar, e me servi dum ditado que logo me veio a mente:

-"Parentes? são os dentes!"

E não é que o dito caiu-lhe como uma luva?