O CANTOR
Em 1981, no CPOR, estávamos no período de adaptação como recrutas, instrução noite e dia, pernoite, exercício de vivacidade, o escambau.
O Sgt disciplina do nosso Pel, recém chegado da Amazônia, onde fizera um curso de Sobrevivência na Selva, chamado carinhosamente por nós de “Vicentão, o selvagem”.
Mês de Janeiro comendo solto, duas horas da tarde, quarenta graus e pico à sombra, sol cozinhando o cérebro e derretendo tudo pela frente.
O Pelotão em forma, no pátio do Quartel, quer era nada mais nada menos do que, uma quadra coberta de piche, singelamente chamado de “Pista de Neve”, mochilados e equipados, capacete de aço e toda a tralha para combate suávamos em bicas. Em posição de sentido, o nosso “amável” Sgt, determinou que cantássemos o Hino Nacional. Começamos a entoar o hino, e o homem nos fuzilando com os olhos e fiscalizando, porém ao chegar perto do negão Gelson, notou que este não cantava. Rangendo os dentes o selvagem perguntou:
_ Por que não estás cantando, estrume!?
_ Por que eu só não manjo, esse “fado”.
O Vicentão saindo dos coturnos, berrou tão alto que chegou a estremecer a Torre de comunicação no alto do Morro da BPE, nos fez pagar até cair a noite, além de deixar o negão descansando o fim-de-semana decorando o “fado”.