O GOZADOR
Num Quartel da Brigada, servia um praça, ladino e manhoso como sorro manso, sempre fazendo troça e gozando os colegas de serviço, não escapando nem algum superior, dentro da camaradagem e disciplina respeitada.
Além de ser um dos melhores, que a Briosa já teve, capaz de fazer um cerco com mais de trinta viaturas sem olhar,sabendo de cor todos os prefixos de serviço.
Mas vamos ao causo que é tarde e vem chuva, toda vez que alguém lhe perguntava alguma coisa em tom de gozação, saltava longe, escamoso e escoregadio como sabão em tábua de tanque, ia logo dizendo:
_ “Saltei”, “Faca”, “Eu fora!” – e ninguém conseguia pega-lo.
A vítima constante era um recruta, que esperando completar a turma, ficou encostado na sala de Operações, atendendo telefone, estafeta e “otras cositas mas.”
Numa dessas madrugadas geladas como bunda de pingüim, a rede de rádio num silêncio sepulcral, o recruta humilde chegou para o muçum ensaboado e perguntou com toda a calma.
_ Praça veio, o pato dá o cu nágua. E o senhor?
_ Eu Fora! Eu Fora! – gritou o veterano saltando da cadeira.