DE MULHERES, HONRAS E ESCOVAS
Criada no interior da Bahia,nos anos cinqüenta,D.Genoveva,Veveva,para os íntimos,nunca se acostumou com a licenciosidade de costumes,da Capital.
Criada numa cidadezinha chinfrin,onde todos se conheciam e onde “mulher de homem fede a defunto”,ou seja,transgressões conjugais eram pagas com o sangue do sedutor,escandalizava-se com as estórias que ouvia da irmã,as picantes fofocas da época.
Apesar de linda e ainda jovem,Veveva nunca perdeu a pureza e a inocência das mulheres da sua terra.
Nos animados chás da tarde,sua irmã e as amigas comentavam:
-Viste aquele escândalo da Cici?Apesar de estar com o marido ao lado,não tirava os olhos famintos do Carlos Sampaio.Todos notavam.
-Pudera!Todos os dias eles se encontram ali na rua Chile,bem nas barbas do marido.
_Nossa!Dessa eu não sabia...
-Então,só tu e o marido,meu bem.Essa estória é o pratinho do dia.
Veveva duvidava.Seria verdade aquelas estórias que ouvia!?Será que havia mesmo tanta mulher pecadora,sem moral,nesta cidade?Se existia,porque Deus não transformava essa cidade que era Dele-Cidade do Salvador-num monte de pó,como Sodoma!?
Uma noite,curiosa,Veveva perguntou á irmã:
-Mana,me tira uma dúvida.Todas essas estórias que vocês falam sobre o comportamento das senhoras casadas é verdadeira?
-Francamente,maninha,em que mundo você vive?!Estes casos são todos verdadeiros e comprovados;e,te digo mais,nem são um décimo do que acontece no Rio.Ou,em Paris.
E enquanto arrumava uns objetos de toilette:
-Olha,filha,há mulheres que são como essas escovas de quarto de hotel,sabes?Que ficam nos banheiros dos hotéis de luxo,numas cestinhas;pertencem ao estabelecimento,mas,qualquer pessoa que estiver lá,hospedada pode usar.
Mãos no queixo,pensativa,Veveva murmurou:
-Santo Deus,quanta falta de vergonha!Na minha cidade,querida,as mulheres também são como escovas;mas,escovas de dente;cada um tem a sua!
Criada no interior da Bahia,nos anos cinqüenta,D.Genoveva,Veveva,para os íntimos,nunca se acostumou com a licenciosidade de costumes,da Capital.
Criada numa cidadezinha chinfrin,onde todos se conheciam e onde “mulher de homem fede a defunto”,ou seja,transgressões conjugais eram pagas com o sangue do sedutor,escandalizava-se com as estórias que ouvia da irmã,as picantes fofocas da época.
Apesar de linda e ainda jovem,Veveva nunca perdeu a pureza e a inocência das mulheres da sua terra.
Nos animados chás da tarde,sua irmã e as amigas comentavam:
-Viste aquele escândalo da Cici?Apesar de estar com o marido ao lado,não tirava os olhos famintos do Carlos Sampaio.Todos notavam.
-Pudera!Todos os dias eles se encontram ali na rua Chile,bem nas barbas do marido.
_Nossa!Dessa eu não sabia...
-Então,só tu e o marido,meu bem.Essa estória é o pratinho do dia.
Veveva duvidava.Seria verdade aquelas estórias que ouvia!?Será que havia mesmo tanta mulher pecadora,sem moral,nesta cidade?Se existia,porque Deus não transformava essa cidade que era Dele-Cidade do Salvador-num monte de pó,como Sodoma!?
Uma noite,curiosa,Veveva perguntou á irmã:
-Mana,me tira uma dúvida.Todas essas estórias que vocês falam sobre o comportamento das senhoras casadas é verdadeira?
-Francamente,maninha,em que mundo você vive?!Estes casos são todos verdadeiros e comprovados;e,te digo mais,nem são um décimo do que acontece no Rio.Ou,em Paris.
E enquanto arrumava uns objetos de toilette:
-Olha,filha,há mulheres que são como essas escovas de quarto de hotel,sabes?Que ficam nos banheiros dos hotéis de luxo,numas cestinhas;pertencem ao estabelecimento,mas,qualquer pessoa que estiver lá,hospedada pode usar.
Mãos no queixo,pensativa,Veveva murmurou:
-Santo Deus,quanta falta de vergonha!Na minha cidade,querida,as mulheres também são como escovas;mas,escovas de dente;cada um tem a sua!