Bip! Bip! Cultura abduzida
De manhã, no Bonfim ameaçava ficar sem jornal. Homem maduro reprovado em concurso interno ocorrido na redação da imprensa modelar. Bombardeado por desconhecer qual a data da última erupção do vulcão na Islândia. Andava um trapo. Depois o funcionário denodado dos correios havia mantido relações alienígenas e todos estavam voltados para a sorte do sujeito pálido com seus sapatos puídos e cambados. Uma criatura regular, um cavalheiro sincronizado com a visão facial das coisas de seu mundo. Era mais um vivendo da necessidade irremediável de prolongamento da vida além das magras possibilidades. Não fumava e nem bebia, e talvez por isso, fosse afinado com abduções. Não é a toa que o monstro do lago Ness só aparece na Escócia após longas jornadas de uísque com qualidade. Mas é monstro sob controle. Nele a transcendência virava abdução e já havia lido isto em algum texto seu já publicado. Mas não sabia qual.
Ligou para o poeta Luiz da Fonseca:
- Note amigo certa particularidade. Aqui em Porto Alegre a cultura se caraceriza por duas revistas notáveis: uma vaia e a outra aplaude...
O poeta respondia.
- Claro! A Curia Metropolitana fica na Rua Espírito Santo.
Tudo certinho no mundo quadriculado. Menos o desemprego. Era melhor retornar as salas de emprego, petrificado, afinal a terra não seria mais o único planeta com atividade rentável disponível. Esperando vida além do apex da Vega para melhorar os instintos milionários da crise. Havia outros mundos habitáveis além do sistema solar. O carteiro afirmava, havia batido um papo prolongado com os tipos. Logo haveria expansão econômica além, muito além. Haverá matéria para imprensa festiva na condição de desempregado interespacial. Além da Google colocando usuários no bolso o carteiro poderia se candidatar a celebridade com possibilidades financeiras além da federação. Para o Marcelo Branco o fato permaneceria irrelevante, mas para nós uma maneira de mandá-lo ao Senado. Os alienígenas são animadores virtuais há bastante tempo, não ganham nada e nem tem e-mail. Vejamos se não é pobre o coitado do carteiro vomitando selos irreais sobre a minguada participação nos lucros .