VERSOS SATÂNICOS 40 - ÁGUAS DE MARÇO E A PROSA DESCAMISADA

Ok, não guardo mágoas, elas se vão como as águas e acho que sempre quem perde é o magoado, embora, por outro lado, jamais esqueça os nomes de quem me magoa. O tempo voa! Me vejo empresário, ao invés de receber, pagava bom salário. Era início dos anos noventa quando numa atitude truculenta, para dizer pouco, Fernando Primeiro, o camiseiro da república alagoana e um bando de loucos meteu a mão na nossa grana. Que vida atroz! Nem me lembro quem foi o porta-voz, mas sei que após, ficaram mais de noventa milhões sem ação de pires na mão. Enquanto isso “elle”, que dizia ter aquilo roxo, nem aí para o arrocho, brinda e brinca na Casa da Dinda. E mais ainda me lembro que na República dos alagoanos até o mais humilde membro bebia Logan doze anos!

A autora do atentado queria testar sua tese de mestrado! Zélia não era uma pessoa séria. Não poderia ser séria, pois depois da ducha fria, a bruxa da economia deu-se ao luxo de festejar em horário nobre com o velho Cabral gorducho, o pobre, num arretado Besame mucho!

Passei, passamos. Viva a juventude! Gente que na época teve atitude e foi para rua de cara pintada gritando contra falcatrua mandando todo mundo pras cucuias de mala e cuia. Porém (Ah, porém!) muitos daqueles que tiveram a coragem de expulsar o ogro hoje vão muito além, fazendo no mínimo o dobro. Atiram-se na coisa pública como burro no azevém.

Ninguém mais tem dedo (e não é brinquedo, por isso rapidamente me antecedo antes que algum azedo me envie um torpedo, não é uma alusão à deficiência da presidência). Não há dedo para apontar o Fernandinho da Dinda. É tão ampla esta berlinda que sou capaz de ouvir ainda, daqui a pouco, de norte a sul deste país de tracajás adestrados, o velho caçador de marajás, e pai dos descamisados dando a definitiva volta por cima. Acha que não tem clima? Então subestima, mas depois não te lastima.

Portanto, quem pode condenar a volta aos holofotes de Fernando Primeiro? Os coiotes da cueca com dinheiro; os parceiros do Zé Ribamar Marimbondos de Fogo, ou os de discurso demagogo, valentes no microfone e na tela da televisão? Gritam contra a corrupção, contra a malversação, contra isso, contra aquilo, mas por falta de culhão são cúmplices por omissão. Não tem ninguém ileso, todo mundo tem o rabo preso. Para comprovar a tese está ai de volta outro que escorregou na maionese. O Renan, aquele que voltaria, mais hoje, mais amanhã. Ícone da ideologia híbrida e que anda sempre a reboque. Se hay poder ele adula, hoje é parceiro do Lula, mas o escroque um dia foi tropa de choque daquele que foi deposto. Depois assumiu alto posto no governo que veio a seguir, e cuja ascensão foi constrangida por causa daquela metida (verbo e adjetivo, o primeiro, lascivo). Coisinhas a toa do passado que em mim fariam grande estrago, mas sequer arranha a cara de pau do deputado. O que me abisma, e não estou aqui fazendo nenhum sofisma, mesmo olhando pelo menor prisma é que ele sequer tem carisma. Com isto eu me cismo e concluo que este arquivo vivo, que vai e volta do abismo, versão política do estoicismo, sem eufemismo, caso resolva abrir a boca dar-se-á um cataclismo.

jair portela
Enviado por jair portela em 14/03/2009
Reeditado em 15/08/2011
Código do texto: T1486060