MORRENDO DE MEDO...


— Não olhe para trás...
— Por quê?
— Porque não!
— Você está chorando?
— Não...
— Você está morrende de medo?
— Não, quem morre de medo se enterra vivo...
— Será?
— O que você estava fazendo aqui?
— Não sei...
— Você já está morto?
— Não sei...
— Levante-se daí...
— Por quê?
— Precisamos ir embora...
— Pra onde?
— Você está assustado...
— É engano seu...
— Quem é essa pessoa que está aí?
— Onde?
— Atrás de você...
— Não sei, mas eu vou fugir...
— Pra onde?
— Não sei...
E ao sair em disparada, escuta vozes...
— Meu filho, fique... Você não veio nos fazer companhia?
— Não, só estou de passagem.
— E para onde você está indo?
— Não sei, mas eu preciso ir embora!
— Fique... Você está morrendo de medo, filho!
— Não!
— Então, você já morreu?!
— Sim, semana passada!
— Morreu de quê?
Silêncio total, até o desabafo final.
— Por favor, não insista, eu não posso lhe dizer... Apenas me deixe atravessar a rua, antes que o semáforo fique no vermelho de novo...
Germano Correia da Silva
Enviado por Germano Correia da Silva em 08/03/2009
Reeditado em 08/05/2020
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