Eu sei o que vocês fizeram na eleição passada (e daí?)
VERSOS SATÂNICOS 41
O grande PMDB é, na verdade, uma enorme colcha de retalho. Figuras como o Barbalho, o Quércia, outros ora recolhidos a prudente inércia, e outros que sabemos, ouviremos falar mais hoje, mais amanhã. Como por exemplo: o Renan, grande galo alagoano que andou entrando pelo cano, pensou que o mundo era uma racha e foi riscar fora da caixa. É um dos recolhidos que daqui a pouco se encaixa.
Quem, afinal, é o senhor desta sigla lendária, que na nossa democracia precária ainda posa de fiel da balança? Na impensada dança de posições contraditórias, a cúpula peemedebista torra sua história, hoje, para não largar o saco petista. E vice-versa. Quércia, o nacionalista, e um dos caciques foi chamado pelo PT de nazista, e este chamou o Lula de fascista. Como ambos têm cacife seria justo que se dissesse então, para simplificar a controversa questão, que juntos pensam em reeditar o nacional-socialismo, ideologia que levou a Europa ao abismo na época do grande cabo atrevido. Improvável, mas eu já não duvido. Já tem até coronel de esquerda com pinta de feitor acima do Equador! Ok é na Venezuela, porém é bom ficar de sentinela, pois como diria o velho Portella, depois de arrombada a porta pra que tramela?
Que partido! Mas que partido esse PMDB! Melhor horário na TV e nenhuma ideologia. Algo que mantenha entre os quadros a mínima sintonia. A forte herança da frente ampla, que um dia botou banca enfrentando a milicada, ao invés de ser depurada virou desaguadouro cloacal, onde gente que assume honrada logo, logo se dá mal. Não, não! Não há quem entenda que alguns próceres da legenda, mesmo largados a mingua por discursarem em boa língua, permaneçam firmes, convictos, leais, alheios a suposta dor empunhando o multifacetado pavilhão furta-cor. Resta saber a quem devem lealdade: se a quem conhecem verdades, que num regime sério os levariam às grades, ou aos votantes de cruel passividade que na ilusão quaternária lhes oferecem a própria glândula mamária.
Não ouso dizer que não sei quem é o chefe da matilha e que a partir de Brasília faz sua bastilha privilegiando a camarilha, amigos, a mulher, o filho e a filha desde que continuem rezando na sua cartilha. Faz pensar a todos que já cumpriu sua trilha, que já encheu a vasilha e já fechou a braguilha. Aqui, ó! É armadilha. Dá as cartas e joga de mão. Não adianta gritar truco de manilha, ele sempre estará com o espadão. Não dá nada, não, mas eu continuo botando pilha.
Não se enganem com esse cidadão. Tem cara de vô mimoso, ainda cultiva um bigode charmoso, estranhamente negro como praga de ex-mulher, enquanto viver vai continuar metendo a colher. Pior: é imortal, ao menos na Academia e o mortal aqui que se ferra. Não esqueçam, entretanto, que bom cabrito é aquele que berra.
O circo peemedebista está armado com Marimbondos de fogo comandando o senado. Ele já não quer ser presidente, mas quem pensava que era apenas uma estrela cadente enganou-se redondamente. Não quer sobressalto morando no Planalto, nem o conforto da Granja do Torto. Antes de ser chumbo, prefere ser espingarda, pois viver na retaguarda requer pouca salvaguarda. É mais cômodo o papel de eminência parda. Sarney é o rei, soberano de Pasárgada.
Mesmo que alguém tenha rompido os elos, com o Jarbas Vasconcellos saindo dos chinelos e metendo o martelo nos confrades do maior partido verde-amarelo, não vai passar de um libelo. Foi um gesto belo, mas nem arretará o castelo. É pouco, não vai deixar ninguém mais louco e, pra variar, todos farão ouvidos moucos. O Simon deu maior apoio. Este, porém, é um dos que vive no meio do joio e nunca tomou atitude. Desde a minha juventude só me ilude. Conhece, por velho, as nossas vicissitudes e de bom apenas básicas virtudes e vagos discursos amiúde. Está sempre a favor do vento e deixa passar históricos momentos, não por fraudulento, mas pelo encaramujado comportamento.
De resto, quem é de média leitura tem que ajudar a não entregar a rapadura, pois vejo com amargura o que se faz com a população de baixa cultura. Gente de vida dura, que não identifica a postura obscura das criaturas abrigadas nas nomenclaturas que concorrem às várias legislaturas. Não é frescura, mas são santinhos de candura que só fazem mesuras e mostram a dentadura até a investidura. Depois... só aparecem na moldura.